Análise | Perception

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Perception

O game Perception saiu sem muito estardalhaço, apesar da expectativa das pessoas em jogá-lo. Ele se trata de uma experiência diferenciada, onde o jogador se vê no lugar de uma protagonista cega, algo nunca feito antes. Este tipo de coisa, afinal, funciona nos games? Independentemente da resposta, é interessante a representatividade que tal jogo cria. Já foram criados protagonistas mais “gente como a gente”, e mais recentemente o jogo The Surge colocou um personagem paraplégico, que é transformado em metade homem e metade máquina. Agora é a vez de Perception inovar.

Sua única forma de se localizar é o mesmo de um cego: usando a bengala para saber onde está. Desta vez, a bengala serve também para ter noção espacial, para ter noção do ambiente onde se está, e funciona como um ecolocalizador, já que a cada batida da bengala de Cassie, nossa protagonista, o ambiente é mostrado num relance. Você deve estar pensando que é loucura e impossível jogar assim, mas não é. Aquela velha máxima do “logo você se acostuma” não poderia ser mais verdadeira, especialmente porque a bengala não pode ser usada sem moderação: se fizer barulhos demais, você atrai inimigos, que logo deixam o ambiente pesado e inóspito, e a sua única alternativa a eles é se esconder. Não há confrontos neste jogo, e imagine correr na quase escuridão!

O mais interessante de Perception talvez seja exatamente isso: de tanto se bater nos cantos, você praticamente aprende e decora o ambiente, que provavelmente é assim que um cego deve aprender a se localizar, usando a bengala e aprendendo a noção de espaço em torno dele, pelo som que ecoa e pelo som do tipo de assoalho em que se está pisando. O som das diversas superfícies diferentes onde você bate a bengala também é um diferencial, e algumas fazem mais barulho do que outras, o que é um problema, lembra?

Perception

Aliás, é lógico pensar que a sua única forma de localização também é a forma como os inimigos sabem que você está por perto. Se você começa a bater demais a bengala no chão, os barulhos atraem a Presença, que é a criatura do jogo, o que te obriga a tentar se mexer usando somente os passos da protagonista, e é claro, a sua percepção espacial do local onde você está. Acredite, você vai passar tanto pelas salas que vai logo decorá-las. Para ajudar, as portas e os itens ficam destacados na cor verde, destoando de todo o azul e preto do restante do jogo. Os sons de gravações, que se encontram por toda parte, também ajudam a iluminar um pouco a escuridão, o que facilita para decorar o ambiente e saber onde você está.

Ainda assim, a sensação constante é a de estar jogando um jogo inacabado, talvez? De certa forma, é isso mesmo, pois se você é da turma dos gráficos altamente detalhados, vai acabar se decepcionando. Todo o ambiente parece ser feito de texturas ainda por serem terminadas, e talvez isto seja verdade, o que justifica o tamanho do jogo e o fato de não haver loadings. Ele é um jogo bem pequeno (menos de 4GB) e também não é longo, além de ser bastante leve. Agora, se você é da turma dos sustos, Perception vai ser um prato cheio para você. O ambiente já não é promissor, a forma como você se locomove já é diferente, e ainda não pode fazer sons demais. Os sustos são constantes e divertidos, pois contribuem na iluminação do ambiente, e, portanto, quanto mais sustos houver, você até agradece.

Outra coisa que te ajuda ao longo do jogo é um dispositivo Delphi, que faz leitura de objetos que possuem texto, e é assim que a protagonista sabe o que está pegando, além de detalhes de background da trama. Você usa o Delphi, por exemplo, para ler o rótulo de um remédio, o que explica sobre uma personagem importante.

Perception

A trama de Perception se passa dentro de uma casa onde existe uma Presença maligna. A protagonista Cassie vem sonhando com a casa e com determinados objetos que se encontram espalhados por lá. Cada um destes objetos conta o que aconteceu aos moradores da casa, e tudo tem ligação com a presença maligna.

O jogo foi localizado para o português, ou pelo menos tentaram localizá-lo, pois o trabalho não ficou muito bom. Vários textos estão em inglês, enquanto algumas coisas nem aparecem traduzidas, o que deixa o trabalho com ar de incompleto, e por ser um jogo de exploração, o texto é muito importante. Você também pode, logo no começo do jogo, escolher uma Cassie mais faladeira ou uma Cassie mais calada. Se você é o tipo de pessoa que odeia comentários ao longo do jogo, a protagonista ficará mais calada. Particularmente falando, os comentários ajudam a te guiar e te dizem se você está indo pelo caminho certo, já que de tempos em tempos ela comenta algo.

Vale a pena jogar Perception? Além de não ser um jogo longo, ele garante bons sustos e uma experiência diferenciada, então vale a pena, sim. Mantenha a sua mente aberta e se entregue à experiência, fique focado e sem distrações, pois você precisará de sua total atenção para superar os obstáculos e enigmas que o jogo tem a te oferecer. O jogo está disponível para Playstation 4, Xbox One e PC.

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