Tradução da entrevista com Paul W.S. Anderson sobre Resident Evil: Extinction, ao site internacional About.com.
A parte 3 é algo que você criou enquanto trabalhava na parte 2?
Foi algo em que pensei quando estávamos fazendo a Parte 1, na verdade, porque o primeiro filme foi criado como ‘prequel’ para o mundo dos videogames. Pensei, quando estávamos filmando o primeiro, que estávamos nos divertindo tanto, que seria ótimo fazer uma trilogia onde o primeiro fosse um ‘prequel’ para o mundo dos games, o segundo se passasse durante o mundo dos games e na verdade se ligasse com a trama de um dos games em específico, e que o terceiro fosse um tipo de epílogo ao mundo dos jogos. Eu estava jogando os jogos quando me envolvi com Resident Evil, sabe, a Corporação Umbrella estava tentando conter uma infecção que aumentava cada vez mais. E, obviamente, o resultado final foi este, o resultado inevitável disto é que eles não conseguem conter a infecção. Acaba que o mundo é devastado, e quais são as consequências disto?
Foi basicamente assim que pensamos que o terceiro filme seria.
Os trailers mostram Las Vegas enterrada sob a areia. Como isto acontece?
Bem, há duas razões para Las Vegas estar enterrada sob a a areia. Uma das ideias no filme é que o T-Virus não afetou somente humanos e animais, ele, na verdade, f**** todo o ecossistema também. É meio como também alterar a vida na terra, altera a flora e a fauna. Se destrói ecossistemas, então florestas morrem. Rios e lagos secam; milharais se transformam em desertos.
Mas a ideia de Vegas enterrada sob a areia veio em uma viagem que eu fiz para lá há uns seis anos, quando teve uma tempestade de areia. E tenho que dizer, foi muita areia. Eu estava em Vegas e dava para ver a areia literalmente se acumulando [na estrada e] por trás dos prédios. Tive a ideia de que, se ninguém estivesse em Las Vegas e ficasse sem água, primeira toda a flora imediatamente morreria sem água em duas semanas. Mas, se você saísse de Vegas por dois ou três anos, ela seria tomada pela areia, porque, na minha seguinte, as pessoas estavam percebendo isto. Há toda uma indústria em Vegas só para limpar a areia. Se você para de limpar, então basicamente o que se vê no filme é o que aconteceria.
O quão difícil foi, depois dos dois primeiros filmes, fazer um terceiro e ter certeza de que você está satisfazendo os fãs?
Bem, nós fizemos duas coisas. A primeira é que trouxemos Patrick [Tatopoulos] para fazer as criaturas, porque achei que precisássemos de criaturas maiores, melhores e aprimoradas, especialmente os zumbis, neste filme. Eu fiquei um pouco decepcionado com o visual dos zumbis no segundo filme e queria que eles ficassem incríveis. Acho que o Patrick conseguiu fazer isto para nós.
A outra foi, sabe, quando fizemos o primeiro filme de Resident Evil, ninguém fazia um filme bom de zumbis há uns 20 anos. Fomos os primeiros, mas, desde então, saiu um monte de filmes de zumbis e a maioria com o cenário que ficou muito, muito familiar: uma cidade, seja americana ou britânica, tomada pelos zumbis. Fizemos isto em Resident Evil: Apocalypse e eu pensei que a forma de nos superarmos neste filme seria escolhendo um cenário completamente novo. Então, a ideia era que fizemos este filme no deserto, porque é a parte menos populosa da América. É meio que, se o mundo fosse tomado por zumbis, a última coisa que queremos fazer é estar no meio da população onde há milhares de mortos vivos. Você vai querer continuar fugindo para não morrer, porque eles são lentos e você pode ser rápido, contanto que encontre combustível para manter seu comboio andando. Levamos o filme para o deserto e eu acho que mudou completamente o visual do filme. Acho que é uma das coisas mais legais do trailer e por que tivemos uma resposta tão legal a isto. As pessoas estão realmente bem empolgadas, [porque] é um cenário totalmente novo, e um cenário muito empolgante.
É ótimo para o elenco também, porque puderam vestir pouca roupa, bem do tipo sexy… É uma vibe totalmente nova. Acho que nossa geração de diretores foi muito influenciada por The Road Warrior e aquele cenário pós-apocalíptico. Este filme definitivamente é influenciado por ele. Nós meio que tentamos dar a ele uma vibe Road Warrior, uma vibe de fim do mundo. Porque, mais uma vez, apesar de os filmes de mortos vivos terem ficado populares nos últimos anos, o filme apocalíptico, que foi um grande gênero quando eu estava começando no cinema, ninguém fez isto ainda. Acho que esperamos na frente, assim como estávamos quando fizemos o primeiro Resident Evil. Fomos os primeiros a fazer filme de zumbi e agora somos os primeiros a fazer este tipo de filme apocalíptico.
Por que você não ficou feliz com os zumbis do segundo filme?
Achei que eles não progrediram muito no visual em relação ao primeiro filme. No primeiro, eles tinham um visual específico, que era o de pessoas que estavam mortas há apenas 12 horas, então é o começo de mortificação que se vê. Alguns haviam morrido de formas particularmente espetaculares, mas, apesar disto, eles eram seres humanos. Acho que o segundo filme não aprimorou este visual. Ficou na mesma. Apesar de eu ter gostado do segundo filme, e certamente gostei muito, muito mesmo, acho que foi um pouco aprendizado. É por isto que no terceiro filme, nós arregaçamos as mangas e nos esforçamos mais. Espero que, bem, eu sei que fizemos um filme muito, muito melhor do que o segundo. Acho que fizemos um ótimo filme e realmente gostei muito dele.
O que você acha que faz de Resident Evil uma das poucas franquias de sucesso de jogos para filmes?
Em cada filme – nós colocamos muitos esforços. Nós realmente, realmente nos esforçamos e não é… Resident Evil não é só uma atividade para ganhar dinheiro para nós. Todos começaram trabalhando no primeiro, porque amamos a ideia fazer o filme. Todos são muito apaixonados por eles. Fomos a Berlin para filmar, porque queríamos um grande visual para ele, mas não tínhamos dinheiro para construir cenários grandes. Tivemos que achar uma cidade em algum lugar que tivesse grandes locais subterrâneos.
Cada filme é um trabalho feito com amor e espero que isto fique claro nos filmes, esta qualidade que tentamos atingir. Tenho muito respeito pelo material original, mas também entendo a necessidade de ir além da fonte e apresentar uma história inédita que às vezes aborrece os fãs, porque eles não gostam, falo dos fãs hardcore, eles não suportam o fato de que não sejam reproduções exatas dos jogos. Mas, para mim, isto não tem lógica, porque você pode também simplesmente ir jogar os jogos novamente.
Acho que, ao expandir [o foco], nós demos uma experiência inédita aos fãs do jogo. É basicamente o jogo, que eles sintam como se fosse o jogo, mas contando uma história nova, o que é interessante. É como sair e comprar um novo Resident Evil em vez de comprar o mesmo. Você quer uma experiência semelhante, mas quer uma nova história com potencialmente uma nova gama de personagens. Nós damos isto a eles, mas também estamos muito cientes de tentar dar algo ao [outro] público também que pode não ter jogado os jogos.
Acho também que Resident Evil é mais do que apenas um filme de zumbi, é por isso que os filmes evoluem em vez de ficar só no tipo hardcore de gênero de filmes de terror. Há muitas ideias de ficção científica em Resident Evil que o tornam um filme maior – clonagem, Corporação Umbrella, estes são todos aspectos integrais do filme.
Você está no plano de fundo da série desde as filmagens do segundo. Isto é para poder continuar com seus projetos paralelos?
Estou muito envolvido nestes filmes. Como no terceiro, eu estava encarregado antes de Russ [Mulcahy] ser contratado e ainda estou trabalhando no filme agora. Então estar no plano de fundo é meio porque eu trabalhei muito neles. Me esforcei muito, mas o fato é que eles me permitiram fazer vários outros filmes. Quero dizer, em quatro semanas vou começar a filmar Death Race. Mas, em muitas formas, produzir é como, se não mais trabalhoso, estar de fato dirigindo.
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Fonte: About.com