Entrevista | Shawn Lebert, produtor do projeto da série Arklay

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Arklay (Shawn Lebert)

Em 2014, a internet entrou em êxtase com a notícia de que uma série inspirada em Resident Evil sairia muito em breve. Levando o nome de Arklay, ela traria mais uma versão dos eventos de Raccoon City pelos olhos de novos personagens. O responsável pelo roteiro e pela criação da série, Shawn Lebert, estava certo de que o projeto daria certo e os fãs mal podiam esperar pela estreia.

No entanto, algo no meio do caminho aconteceu e Arklay foi cancelada. Mesmo depois de tanto apoio dos fãs de Resident Evil, o projeto fora descartado, e uma postagem de esclarecimento foi feita no forum Reddit, mostrando um vídeo piloto de como ela seria e do que poderia se esperar dela. Infelizmente, foi tudo o que tivemos.

Conversamos com Shawn Lebert e respondemos algumas dúvidas da comunidade brasileira de Resident Evil a respeito de como seria o projeto Arklay e do que ele tinha em mente para fazer o projeto acontecer. Então, se você também estava ansioso pela série e/ou gostaria de pelo menos ter um gostinho do que poderia ter sido lançado, confira a entrevista logo abaixo.


Entrevista Traduzida em PT-BR:

Primeiramente, o que você poderia nos contar sobre o conceito da série? Qual seria a trama?
Ela se resume nos incrédulos crime que levaram à exposição de uma conspiração que vinha ocorrendo no último século. A origem tem início em uma cidade, mas o quão profundo pode ser o buraco do coelho e quem está envolvido nela? A premissa seria de uma novela policial, e as coisas extrapolam além de passado, presente e futuros acontecimentos. É uma bomba relógio que um de nossos protagonistas, o detetive James Reinhardt, está tentando impedir antes que seja tarde demais. Existem muitas coisas acontecendo em torno dele, e ele tem todo o direito de suspeitar de quase todos. Será que ele descobrirá a verdade ou será enterrado junto com esta imensa conspiração costurada dentro de nossa história?

A Capcom estava ciente ou envolvida na criação da série? (Pergunta de Felipe Demartini)
Uma pequena história sobre mim: eu sou um geek de coração, cresci jogando os jogos. Eu também cresci sabendo que tinha uma alma criativa e a indústria de filmes era onde eu queria estar pelo resto da minha vida. Por muito tempo, eu pensava que Resident Evil era uma franquia destinada para grandes coisas como série/filme.

Então, há uns dois anos, eu comecei a me planejar, você deve ter visto o vídeo de demonstração – uma montagem de filmes/programas anteriores que inspiravam, que de certa forma representavam o que um Resident Evil poderia ser. Depois de ver séries como Hannibal e True Detective, eu pensava que, se os dois fossem ter um filho, seria Resident Evil! Então eu conhecia um produtor para quem passei a ideia, que adorou o conceito, mas a informação saiu prematuramente e causou excitação e confusão ao mesmo tempo. Eventualmente, as notícias de uma série de TV se espalharam e foi quando a Capcom soube. Eu disse que estava escrevendo material para uma série, e houve muita interpretação errada, dizendo que era oficial. Então é preciso levar as notícias com um certo nível de cuidado. Na época, eu estava ansioso para passar para as pessoas oficiais apropriadas, mas as notícias saíram como se estivesse fugindo dos direitos autorais. Eu estava no meio também de uma produção de um pequeno filme conceitual – que agora leva o nome de Dave – para mostrar o quão sério eu estava com relação a estas ideias.

Haviam produtores ou roteiristas da Capcom envolvidos na série? Ela seria canônica em relação aos jogos? (Pergunta de Eduardo Wrzecionek)
Não, não haviam – mas tinha e tem toda a intenção de ser uma série oficial. Eu acho que só a Capcom pode qualificar algo como canônico ou não, mas Arklay tem toda a intenção de obedecer à linha do tempo canônica dos eventos dos jogos, e preenchê-la até certo ponto em novas e interessantes ideias. Eu diria que seria uma boa série “coadjuvante”, no caso.

Ela mostraria algum dos personagens clássicos, como Chris Redfield ou Jill Valentine? (Pergunta de Héder Gatelli)
Eu acho que isto seria realmente importante. Assim como a adaptação de algum tipo de livro, metade do interesse é verdade um personagem favorito de um universo amado. O que funciona organicamente para uma série de televisão é explorar diferentes personagens grandes, e ver suas perspectivas singulares. Isto facilita em franquias que têm elencos maiores. Então poderia ser assim com o tempo, além de uma gama de personagens.

Qual seria o principal foco da série: ação ou sobrevivência? (Pergunta de Luan Leal)
Ela se trata de humanidade e escolhas, que mais tarde ditam as consequências para a sobrevivência, é claro. Ela seria mais sobre o terror, mas não quer dizer que uma boa sequência ação não poderia acontecer. Onde há ação, é preciso construí-la, para que o público se prepare para ela. Se você se importa com os personagens, se apega com eles, então o caminho para isto é mais divertido.

Ela teria referências aos jogos, como a delegacia e outros locais icônicos de Raccoon City? (Pergunta de Thiago da Silva)
Teria, sim. A delegacia teria um papel muito importante, já que todos os personagens principais sairiam e entrariam o tempo todo de lá. Raccoon seria bem mais explorada. Eu sinto que há tanto para falar sobre as catástrofes que levaram ao grande drama. Roma não foi construída em um único dia, e nem estas corporações. O inverno demorou várias estações para chegar em Game of Thrones, então foque nesta perspectiva.

Mesmo depois que o projeto foi cancelado, você já tinha um roteiro pronto dele? Você ainda pretende trazer a série de volta no futuro? (Pergunta de João Machado)
Eu tenho um piloto original inicial sob revisão e uma ideia de até onde uma primeira temporada iria, além de algumas ideias legais para explorar com o tempo. Eu acho que há uma incrível oportunidade aqui, mesmo como série original, que é assim como eu a vejo agora. Ela ainda pode falar sobre como tecnologia, ciência e política estão acontecendo agora em uma abordagem maior. A ideia da série não foi descartada, é só uma questão de fazer as pessoas certas se interessarem por ela. E se vocês estão interessados e acreditam nesta direção, vozes podem ser ouvidas.


Original Interview in English

What could you tell us about the concept of the series? What would be the plot line?
It boils down to these incredulous crimes which lead to exposing a conspiracy spanning over the last century. The origin begins in one town, but how far does the rabbit hole go and who’s involved? A ‘whodunit’ that’s really a ‘whosdoingit’ premise, as things extrapolate further amid past, present and future planned happenings. It’s a ticking bomb that one of our protagonists, Detective James Reinhardt, is trying to stop before it’s too late. There’s a lot of orchestration that’s happening around him and he’s got every right to be suspicious of almost everyone. Will he be the one to uncover that truth or will he be buried alongside this massive conspiracy stitched within our history?

Was Capcom aware/involved in the creation of the series? (Question from Felipe Demartini)
A little history about me: I’m a geek at heart, grew up playing the games. I also grew up knowing I had a creative soul and the film industry is where I wanted to be the rest of my life. For the longest time, I thought Resident Evil was a franchise destined for great things as a film/series.

Arklay (Shawn Lebert)

So couple years back, I began putting things together, you might have seen the original sizzle reel — a montage of previous films/shows that inspired, which would collectively represent what a Resident Evil could look like and feel. After seeing shows like Hannibal and True Detective, I thought if those two had a baby, it’s Resident Evil! So I knew a producer who I pitched the idea to, who loved the concept, but the info got out too prematurely and caused excitement but confusion at the same time. Eventually, the news for a TV show got around and that’s when Capcom heard about it. I said I was writing show material but there was a lot of misinterpretation saying that it’s well under way and official. So you sort of have to ride the news to a degree. At the time I was still looking forward to pitch to the appropriate official people, but this news felt more like a splinter amid copyrights. I was in the middle of also producing a short proof of concept film – which you now see as Dave – to deliver how serious I was about these ideas.

Were any Resident Evil writers/producers involved in this? Would it be canon to the games? (Question from Eduardo Wrzecionek)
No, there were not — but it had and has every intention to be an official series. I think only Capcom are the ones who could qualify something canon or not, but Arklay has every intention to obey the canon timeline of the games’ events and fill in some new, interesting areas. I say it would be a cool companion series, if anything.

Would it feature any of the classic characters, like Chris Redfield or Jill Valentine? (Question from Héder Gatelli)
I feel like that’d be really important. Just like adapting any kind of book, half of the interest is seeing a favorite character in a beloved universe. What works organically for a television show is exploring different major characters, and seeing their unique perspectives. It facilitates toward that in franchises which have bigger casts. So you could see that over time, seeing a multitude of characters.

What would be the main focus of the series: action or survival? (Question from Luan Leal)
It’s really about humanity and choices, which would later dictate the consequences for survival, sure. This would be more about the horror, but that doesn’t mean a good action sequence cannot be warranted. When there’s action, you kind of have to build up to that so the audience is ready for the ride. If you care for the characters, attach yourself emotionally to them, then the ride is way more fun.

Would it bring any references to the games, such as locations like the precinct and other iconic places from Raccoon City? (Question from Thiago da Silva)
It would. The police station would have a very important role, as all the major characters go in and out of that place. Raccoon City would be explored much more. I feel like there’s so much to talk about before the catastrophes leading to the bigger drama. Rome wasn’t built in a day and neither were these corporations. Winter didn’t come for many seasons in Game of Thrones, so keep that into perspective.

Even after the project was cancelled, do you have a finished script for it? Do you plan to bring it back somehow in the future? (Question from João Machado)
I do have an early original pilot script under revision and an idea for where a potential first season would go, along with some general fun ideas to explore later on. I think there’s an incredible opportunity there, even as an original series, which I’m now seeing it as. It can still speak volumes about how technology, science, and politics are happening right now on the broader canvas. The idea for a series isn’t gone, it’s still really relevant, it’s just a matter of getting the right people interested. And if you’re interested and believe in this direction, voices can be heard.

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5 COMENTÁRIOS

  1. Eu não sabia que já existiu a intenção de criar uma séria “inspirada” no jogo, fiquei sabendo disso esse ano depois ouvir a participação da Monique em algum podcast. Uma pena não ter ido adiante, acho que tinha tudo pra dar certo.

  2. Espero que ainda mantem o projeto em pé,vai que um dia eles decidam e toca pra frente e façam essa serie.

  3. O entrevistado mora nos Estados Unidos, e nós no Brasil. Não tinha como filmar.

  4. ficou excelente tem que continuar a lancar mais adorei nao vejo a hora dessa serie ser liberada porque o filme todos foi uma porcaria de onde arrancaram esse alice fugiu totalmente da historia dos games eu voto sim pra serie de resident evil arklay a ser liberada de uma vez por toda ai vcs que estao bloqueando a serie para com isso quem manda e nos os fas

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