O Resident Evil Database teve a oportunidade de bater um papo com S.D. Perry (Stephani Danelle Perry), a autora das novelizações dos games de Resident Evil. Entre 1998 e 2004, Perry foi responsável por escrever sete livros de Resident Evil no total, sendo 5 baseados nos games e 2 com histórias originais.
Entrevista Traduzida:
Como surgiu a oportunidade para que você escrevesse as novelizações baseadas nos jogos de Resident Evil?
Na verdade, foi meio que por sorte. Meu pai também é escritor, e o editor da Simon and Schuster o contataram para escrever os livros. Eu já havia escrito algumas novelizações, e era fã do primeiro jogo, então ele deu meu nome ao editor.
Como você se preparou para escrever as novelizações? Você recebeu algum tipo de roteiro dos jogos ou os jogou?
Para escrever o primeiro livro, eu joguei o jogo bilhões de vezes. Joguei os outros também, mas peguei guias para eles. Então, tecnicamente, eu meio que trapaceei, usando os guias para ir mais rápido.
Você já jogou os jogos? Escrever as novelizações te deixou curiosa para se aprofundar neste universo?
Eu joguei os jogos. Eu já havia jogado umas dez horas do primeiro jogo quando recebi a oferta de trabalho, então já era fã.
Você teve algum contato com os produtores do jogo ou com a equipe da Capcom, para manter as novelizações fiéis aos jogos?
Isto foi um pouco complicado. Havia alguns problemas de tradução… A Capcom mandou anotações para meu editor sobre um plano de fundo para o primeiro jogo, que nenhum de nós entendeu. Eu tentei incorporar as anotações deles, mas, por fim, acabei seguindo o que meu editor queria. Infelizmente, eu não me lembro direito… Escrevi estes livros em meados da década de 90. Tudo o que me lembro é que era algo sobre a mansão, o cara que originalmente a construiu. Tipo, ele era um bilionário excêntrico, e alguns dos trabalhadores nunca mais foram vistos… Desculpe, eu realmente não me lembro.
Qual foi a sua novelização favorita de Resident Evil entre todas as que você escreveu, e por quê? Alguma delas foi desafiadora?
Pensando bem, acho que minha favorita foi o Caliban Cove. Não sei por quê… Eu lembro que gostei do resultado, e um dos personagens secundários se transformou em zumbi e comeu o rosto de alguém, o que foi legal. O maior desafio foi tentar fazer os livros e jogos ficarem sincronizados, manter o universo consistente. Isto foi difícil, porque eu estava escrevendo os livros conforme os jogos saíam, e frequentemente contradizendo o que eu criei.
Você escreveu duas novelizações originais, Caliban Cove e Underworld, ambas com Rebecca Chambers como personagem principal e com a adição de uma nova equipe dos S.T.A.R.S. liderada por David Trapp. Há alguma razão para ter escolhido Rebecca, e não outro personagem? Rebecca era, de alguma forma, sua personagem favorita? E qual foi a sua inspiração para escrever estas duas histórias originais?
Eu usei a Rebecca porque ela era uma personagem secundária no primeiro jogo, então tinha mais liberdade para inventar uma história para ela. Quanto a ter escrito duas histórias originais, foi parte do acordo do primeiro livro que eu tinha com a Simon and Schuster – dois livros baseados nos jogos, dois originais.
Havia também um personagem especial misterioso em suas novelizações, chamado Trent. Qual foi a sua inspiração ou ideia ao criá-lo?
O Trent foi ideia do meu editor. Ele queria incluir um personagem misterioso para manter os leitores curiosos.
Muitos fãs estavam esperando uma novelização de Resident Evil 4, lançado em 2004, mas ela nunca saiu. Por que você parou de escrever novelizações baseadas nos jogos de Resident Evil?
A Simon and Schuster só contratou os direitos de RE; quando os direitos acabaram, a licença foi para outra companhia. Eu fui contatada para escrever mais livros em 2008, provavelmente dos jogos que haviam saído na época, e mais um ou dois originais, mas o acordo foi cancelado por alguma razão – aparentemente, a Capcom decidiu seguir um caminho diferente. Não tivemos tempo para especificar antes do acordo ser cancelado. Tenho dois garotinhos em casa, então não me mantenho atualizada com RE, tenho medo… Estamos mais em uma fase Sonic/Mario aqui. [risos] Eu escrito mais sobre terror do que jogo ultimamente; é mais provável me ver jogando Plants Vs. Zombies com meus filhos do que qualquer outra coisa.
Novelizações baseadas nos filmes de Resident Evil, estrelados por Milla Jovovich e dirigidos por Paul W.S. Anderson, foram escritos por Keith R.A. DeCandido. Você já teve a chance de lê-los? O que você acha do trabalho de Keith?
Eu não li os livros de RE do Keith, mas eu o conheci, ele é um cara muito legal. Eu li um pouco de seu trabalho com Star Trek, então sei que ele é um bom escritor. Tenho certeza de que seus livros ficaram bons.
Você tem planos para futuras novelizações, até mesmo originais, se continuasse escrevendo sobre Resident Evil? Você poderia compartilhá-las conosco?
Como RE é licenciado, eu só posso escrever mais livros se alguma editora quiser me contratar. Sem um contrato, escrever sobre RE – ou sobre qualquer material licenciado e registrado – é ilegal. Acho que não pensei muito em novas histórias, mas quando tentava ter ideias para os livros originais, eu usava minha própria fórmula: você tem a maligna Umbrella criando monstros e vazando produtos químicos, certo? Coloque um laboratório deles em algum ambiente isolado e perigoso, depois coloque mocinhos que não tem plena noção de onde estão se metendo. Adicione o elemento de uma bomba-relógio, e voilà! Uma história de Resident Evil!
Você poderia nos contar um pouco sobre seus projetos futuros? Você vai ou gostaria de trabalhar com a série Resident Evil novamente?
Eu estou com uma trama original publicada – The Summer Man, está na Amazon – e ultimamente venho trabalhando no universo de Alien… Eu estou com outra trama de terror sendo escrita, que espero terminar e colocar logo a venda. Com certeza, trabalharia novamente com o universo de RE, se me dessem a oportunidade – foi muito legal! Mas, mais uma vez, alguém teria que me contratar legalmente.
Por favor, deixe uma mensagem para nosso fansite e para todos os fãs de Resident Evil. Nós realmente adoramos seu trabalho com as novelizações dos jogos.
Eu fico feliz que vocês tenham gostado dos livros. Eu gostei de escrevê-los, e, realmente, adorei o retorno positivo. Corporações malignas, zumbis, equipes de táticas especiais… Como não amar? Eu me sinto sortuda por ter estado envolvida em um universo tão empolgante e frenético.
Original Interview in English:
How you did end up working with the novels based on the Resident Evil games?
I kind of lucked into it, actually. My father is also a writer, and the editor at Simon and Schuster contacted him about doing the books. I’d already written a couple of novelizations, and I was a fan of the first game, so he gave the editor my name.
How did you prepare yourself to write the novelizations? Have you received any kind of script from the games or play them?
For the first book, I just played the game about a billion times. I played the other games, too, but I had the game guides for those. So, technically, I kind of cheated, using the guides to get me through faster.
Have you ever played the games? Writing the novels has made you curious to play them and get to know more about that universe?
I played the games. I was about ten hours into the first game when I got the job offer, so I was already a fan.
Have you had any kind of contact with the games producers or any Capcom staff to keep the novels as loyal as possible to the games?
That was a bit tricky. There were some translation issues… Capcom sent notes to my editor about a back story for the first game that neither of us really understood. I tried to incorporate their notes, but ultimately went with what my editor wanted. I’m afraid I don’t remember much… I wrote these books back in the mid-90s. All I recall is that it was something about the mansion, the guy who originally built it. Like, he was an eccentric billionaire, and some of the workers got lost were never seen again… I’m sorry, I totally don’t remember.
What was your favorite Resident Evil novelization overall and why? Was any of them challenging in any way?
Looking back, I think my favorite was Caliban Cove. No real reason why… I just remember enjoying the work, and one of the minor characters turned into a zombie and ate someone’s face, which was fun. The biggest challenge was trying to make the books and games synch up, to keep the universe consistent. That was rough, since I was writing the books as the games were coming out, often contradicting the stuff I made up.
You wrote two original novels, Caliban Cove and Underworld, both based on Rebecca Chambers as a main character and the addition of a new S.T.A.R.S. team, with David Trapp as their leader. Is there a reason why you chose Rebecca instead of any other characters? Was Rebecca your favorite character somehow? And what was your inspiration to write these two original stories?
I used Rebecca because she was a minor character in the first game, so I had more leeway to invent a history for her. As to why I wrote the originals, that was just part of the first book deal I had with Simon and Schuster—two game based books, two original.
There is also a special mysterious character in your novels, called Trent. What was your inspiration or idea to create him?
Trent was my editor’s creation. He wanted a mysterious character included to keep readers guessing.
Lots of fans were expecting a novelization of Resident Evil 4, released in 2004, but it never came. Why did you stop writing novels based on the games?
Simon and Schuster only leased the rights to RE; when their rights expired, the license went to another company. I was contacted to write more books in 2008, Whichever games were out around then, probably, as well as one or two originals, but the deal fell through for some reason—Capcom decided to go in a different direction, apparently. We didn’t have a chance to get into specifics before the deal fell through. I have two little boys at home, so I don’t keep up with RE, I’m afraid… We’re more in a Sonic/Mario phase around here. [Smiles] I write more horror than I play these days; you’re just as likely to see me playing Plants Vs. Zombies with my kids as anything else.
Novelizations based on the Resident Evil movies starred by Milla Jovovich and directed by Paul W.S. Anderson were written by Keith R.A. DeCandido. Have you ever had the chance of reading them? What are your thoughts about Keith’s work?
I haven’t read Keith’s RE books, although I have met him, he’s a very nice guy. I read some of his Star Trek work, so I know he’s a good writer. I’m sure his books turned out well.
Did you have plans for future novelizations, even original ones, if you kept writing about Resident Evil? Could you please share them?
Since RE is licensed, I could only write more books if someone at a book company wants to hire me. Without a contract, writing RE—or any licensed, copy-righted material—is illegal. I guess I haven’t given new stories too much thought, but I when I was trying to come up with ideas for the original books, I just kind of used my own formula: You’ve got the evil Umbrella making monsters and spilling chemicals, right? Put their evil laboratory in some isolated, dangerous environment, then throw in some good guys who don’t fully realize what they’re getting into. Add a ticking time bomb element, and voila! A Resident Evil story!
Could you tell us a little bit about your future projects? Are you going to work with the Resident Evil series again? Would you like to?
I’ve had an original novel published—The Summer Man, it’s on Amazon—and I’ve been working in the Aliens universe lately… I have another horror novel in the works right now, which I’m hoping to finish and sell soon. I would totally work in the RE universe again, if given the chance—it was fun! But again, someone would have to hire me for it to be legal.
Please leave a message to our fansite and to all the Resident Evil fans. We really appreciate your work with the games novelizations.
I’m glad you liked the books! I liked writing them, and have really enjoyed the positive response. Evil corporations, zombies, special tactics squads… What’s not to love? I feel lucky to have been involved in such an exciting, wild universe.