Novelização: Resident Evil Extinction

Novelização: Resident Evil Extinction (Keith R.A. DeCandido)

Tipo de Livro: Novelização dos Filmes
Autor: Keith R.A. DeCandido
Ano de Lançamento: 2007

Resident Evil Extinction é a terceira novelização de Keith R.A. DeCandido, coincidindo com a terceira adaptação cinematográfica. Anos depois da trama de Resident Evil: Apocalypse, o mundo fora devastado pelo poderoso T-Virus, e Alice, com seus superpoderes, se une ao comboio liderado pela bela Claire Redfield e por seu já conhecido Carlos Olivera em busca de sobreviventes para seguirem rumo ao Alaska, o único lugar onde a infecção não havia chegado. Mas a Umbrella quer Alice de volta a qualquer custo, e o obcecado Dr. Isaacs não medirá esforços para recuperar a mais perfeita arma biológica criada pela Umbrella.


SINOPSE:

Seguindo os eventos de Resident Evil: Apocalypse, a bela, perigosa e enigmática Alice retorna, e desta vez ela e seu companheiro sobrevivente Carlos Olivera estão fugindo com um grupo de humanos liderado por uma nova aliada, Claire Redfield.

Juntos, eles seguem pelas terras devastadas dos Estados Unidos em um longo percurso até o Alaska. Caçados por subordinados do manipulador Dr. Isaacs, Alice encontra zumbis famintos por sua carne e monstruosos ratos de laboratório da Umbrella sedentos por seu sangue… enquanto a própria Alice tem fome apenas de vingança.


Tradução de Trecho do Livro*:

UM – Antes

Dr. Jim Knable estava parado na Ponte Raven’s Gate, com uma tempestuosa sensação de humanidade vinda diretamente dele. Knable era grato pela presença dos guardas de segurança da Umbrella Corporation e membros do Dpto. de Polícia de Raccoon, que impulsionavam esta sensação, controlando a invasão.

Knable e um pequeno posto médico foram colocados próximos ao muro que fora apressadamente construído ao redor de Raccoon City. A metrópole havia sido completamente cercada pelo muro, que uma única abertura para a ponte, a maior porta de entrada e saída de Raccoon.

O vazamento de um vírus que não só mata você, mas reanima seu corpo e lhe dá uma instintiva necessidade de se alimentar de carne humana – além de transmitir a doença a mais e mais pessoas – trouxera um grande desejo aos cidadãos sobreviventes de deixar a cidade o mais rápido possível. Mas o risco de infecção era muito alto, então a Umbrella Corporation – a firma farmacêutica e tecnológica que pagava o salário obscenamente alto de Knable – fisicamente quarentenou a cidade e permitiria que apenas os não-contaminados saíssem.

Naquela manhã, quando o vazamento fora anunciado, Knable havia sido informado das especificações do vírus e pedira um rápido teste que determinaria se o vírus sobreviveria em uma amostra de sangue humano. Knable promovera muitos avanços nos testes básicos de sangue, as patentes que lhe garantiriam uma aposentadoria confortável. Mas Knable estava ainda no fim dos seus vinte anos, e ainda queria praticar. A Umbrella, tendo comprado os direitos de usar seu procedimento em sua Divisão Médica, que fornece serviços para hospitais ao redor do mundo, o contratara apenas para fazer isso.

O rumor no laboratório era de que a Umbrella havia, na verdade, desenvolvido este vírus, apesar de Knable não acreditar muito. Não seria mais crível se as amostra de manchas de sangue não fossem tão difíceis de surgir agora. Alguns destes rumores eram de que o vírus havia vazado da Colméia, matando as quinhentas pessoas que trabalhavam no complexo subterrâneo. Knable tinha alguns amigos na Colméia, e na verdade ele não ouvira mais falar deles desde ontem – mas também, ele ficava dias sem ouvir notícias deles.

No entanto, aquele não era a principal preocupação de Knable. Ele passara a melhor parte do dia tirando sangue de pessoas e correndo com os testes rápidos, com apenas uma pausa para comer, e somente porque já estava prestes a ter um colapso. O Major Cain estivera disposto a lhe dar mais descansos, mas com tantas pessoas chegando à ponte, querendo sair e não podendo até que Knable desse permissão, o doutor não podia fazê-los esperar.

Quando anoiteceu, ele mal podia ficar de pé. O sono começava a crescer em seus olhos, e ele tentava esfregá-los, apenas para afastar a sensação oleosa das luvas de borracha de suas pálpebras.

A multidão crescera com o cair da noite. Knable já estava lá há tanto tempo que perdera a conta de quantos testes fizera. E toda vez que ele corria o risco de faltar alguma coisa – tubos de ensaio, gás para o queimador de Bunsen, luvas de borracha ou o solvente que havia desenvolvido – alguns caras da Divisão de Segurança vestidos com ternos pretos apareciam com mais suprimentos antes mesmo de Knable ter a chance de pedir.

Em algum momento, ele cortara o dedo. E mal notou o sangue que estava manchado quando removeu a luva de borracha, e então um segurança estúpido lhe deu um Band-Aid. “Obrigado,” disse ele com um sorriso áspero enquanto aplicava o Band-Aid. Ele não estava tão preocupado com alguma infecção – era por isso que ele usava luvas, afinal de contas. Teria sido ótimo se ele se lembrasse como havia se cortado, mas isto era preocupação para outra hora, quando não estivesse em uma situação de tanta emergência e tão exaustiva acima de todas as outras.

Sacudindo o terceiro de três tubos de ensaio sobre o queimador, um da mãe, um do pai e um da criança que vieram juntos, e vendo que todos haviam ficado verdes, Knable disse, “Eles estão limpos. Deixe-os passar.”

Até agora, nenhuma das amostras ficara azul. A margem de erro para o teste era de que freqüentemente houvessem falsos positivos, mas nunca falsos negativos. Ele poderia errar em dizer que alguém limpo estivesse com o vírus, mas nunca de que alguém com o vírus não o tivesse. Se o sangue ficasse verde no tubo de ensaio quando entrasse em contato com o solvente de Knable, a pessoa estava definitivamente livre do vírus.

Knable apostaria sua reputação nisso. E sua reputação era considerável.

Um homem velho e uma jovem vieram em seguida. Enquanto Knable tirava sangue da moça, o velho subitamente desmaiou.

O pânico arrebatou Knable. Ele ficou imóvel pela primeira vez em mais ou menos quatro horas. Se aquele senhor estivesse infectado…

“Oh, meu Deus, papai!” A adolescente caiu de joelhos e começou a desabotoar a camiseta do homem. “Ele não está respirando! É o coração dele – ele tem problema cardíaco!”

Um ataque cardíaco não era a preocupação de Knable. Pessoas que estavam infectadas com o vírus podiam facilmente ter um colapso repentino. O homem não tinha nenhuma mordida visível, mas Knable também não podia ver seu corpo todo.

A garota começou a fazer respiração boca-a-boca em seu pai, que não era a coisa mais estúpida a se fazer, mas não agora. “Sai de perto dele!” gritou Knable.

Ele estava prestes a puxá-la e percebeu que não devia. Ela estava tentando salvar a vida de seu pai, afinal. Knable levava o Juramento Hipocrático muito a sério – mesmo não se lembrando dele na maior parte do tempo – e não podia impedir alguém que estava comprometido com um procedimento médico.

Mas ele podia botar outra pessoa para fazê-lo. Olhando para cima, ele viu que o Sargento Wells do RCPD estava por perto, junto com uma mulher armada vestindo um top tubinho e uma minissaia. Knable presumiu que ela fosse uma policial fazendo hora extra.

Dirigindo-se a Wells, Knable falou na sua melhor voz de comando. “Tire-a de perto dele.”

Rapidamente, o sargento fez o que lhe fora dito, embora a garota não facilitasse para ele. “Não, me deixe!”, ela choramingou.

“Ele está salvando sua vida,” Knable murmurou enquanto removia o tubo de ensaio da agulha. Ele tinha um péssimo pressentimento com respeito ao teste que faria agora.

Antes mesmo de ter a chance de adicionar o solvente, os olhos do velho homem se abriram.

Eles estavam da cor branca feito leite.

Knable não precisava continuar o teste para saber que o sangue que ele tinha no tubo de ensaio ficaria azul.

O homem estava infectado.

Como se quisesse provar isso, ele imediatamente agarrara a perna do Sargento Wells, o que significava que o policial logo também se transformaria em um cadáver ambulante.

Antes que alguém mais pudesse reagir, a mulher de top atirou bem na cabeça do homem.

Enquanto a garota gritava que a mulher havia matado seu pai, Knable sentiu uma mão agarrando seu braço. Era Anderson, o chefe da equipe de segurança do local. “Vamos sair daqui, doutor,” disse ele, guiando Knable à força em direção ao portão.

“Espere um minuto, você não pode -” Knable começou a falar, sendo arrastado pelo portão. Ele não podia deixar aquelas pessoas; ele esteve lá o dia todo, e –

“Giddings,” Anderson disse no fone em sua orelha, “temos um homem infectado aqui. Estou levando o doutor embora.” Ele então assentiu em resposta a seja lá o que Giddings havia dito.

Anderson arrastou Knable pelo portão, forçando o doutor a cair no chão.
Caído de joelhos, Knable olhou para os cacos do tubo de ensaio com sangue infectado, este último se espalhando como um riacho pelo asfalto. “Final perfeito para um dia perfeito”, murmurou.

Outra idiota da segurança, uma mulher cuja credencial tinha o nome de ZOLL, levou-o em direção a um helicóptero do outro lado da ponte. A meio caminho de lá, ele ouviu um baque estrondoso que o fez pular. Olhando ao redor, ele viu que o portão havia sido fechado. “Eles não podem trancar aquelas pessoas lá.”

“Não é assunto meu, senhor,” disse Zoll. “Temos que ir.”

Assim que se aproximaram do helicóptero, Knable ouviu a voz de Cain em um megafone. “Esta é uma área de perigo biológico em quarentena.”

Knable deu de ombros. Supôs que Cain estivesse certo. Se uma pessoa infectada escapasse pela ponte, dúzias mais seriam infectadas, e naquela multidão, se espalharia como fogo.

Cain repetiu: “Esta é uma área de perigo biológico em quarentena. Devido ao risco de infecção, não podemos autorizar a saída da cidade. Todas as medidas apropriadas estão sendo tomadas. A situação está sob controle. Por favor, retornem às suas casas.”

Com um pigarreio, Knable disse, “Até parece que isso vai acontecer. Ele nunca vai conseguir tirar aquelas pessoas da ponte.”

Enquanto Zoll lhe oferecia a mão para entrar no helicóptero, ela sorriu e disse, “Eu acho que o major vai convencê-los, doutor.”

Knable suspirou assim que entrou no helicóptero. A cabine principal tinha assentos em ambos os lados – ou tabiques ou qualquer forma como chamavam – que estavam em sua maioria preenchidos com empregados mais íntimos da Umbrella e membros bem armados da Divisão de Segurança. Olhando ao redor, Knable encontrou um espacinho entre alguém que não reconhecia e que, assim como ele, vestia um jaleco de laboratório, e alguém da segurança.

Assim que ele se encaixou entre eles, Zoll fechou a porta, e Knable sentiu um nó no estômago quando o helicóptero levantou vôo. Ele balançou a cabeça, desejando ter feito mais, mas ele não podia reagir a alguém com uma arma dizendo-o para entrar no helicóptero, especialmente quando esta pessoa armada era encarregada das pessoas que assinavam o seu pagamento.

Ele apenas esperava que algumas pessoas no helicóptero, ou as outras que estavam acostumadas a saírem da Divisão Médica e Científica, estivessem trabalhando numa cura.

Levantando seu braço para coçar o nariz, Knable ficou surpreso quando viu que o Band-Aid que havia apertado em seu dedo indicador direito havia caído em algum momento. O corte estava vermelho com sangue, mas não se via o sangue…

*Disponibilizado no site da Amazon