Preview | Resident Evil Revelations 2 (BGS2014)

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Resident Evil Revelations 2

Resident Evil: “ame-o ou deixe-o”. Esta é uma frase que já há algum tempo se adequa à franquia que popularizou o gênero Survival Horror e inspirou a criação de outras franquias de peso, conquistou uma legião de fãs fieis por todo o mundo e já teve alguns de seus títulos aclamados pela crítica especializada. Passou por tantas mudanças, foi divisor de águas na história dos games por mais de uma vez e tem um de seus jogos como o mais vendido da Capcom.

Depois de ditar as regras do Survival Horror por anos e, então, optar por seguir um caminho de ação desenfreada, a franquia parecia perdida em meio a pedidos de fãs que sentem falta do clima mais sombrio dos jogos clássicos e uma tendência de mercado que implorava por um ritmo mais dinâmico e frenético. O último título numerado, Resident Evil 6, dividiu opiniões e acabou ficando estigmatizado por tentar agradar a todos sem sucesso. A consequência amarga veio depois: dois anos sem anúncios de novos jogos.

Em meio ao atual retorno do Survival Horror, que vem se reinventando em anúncios ambiciosos como The Evil Within, a mais nova criação de Shinji Mikami e, por que não dizer, “irmão por parte de pai” de Resident Evil, “Revelations 2” foi uma agradável surpresa e, finalmente, é possível acreditar novamente na série. “Existe uma esperança para a franquia, no fim das contas”, é o pensamento que passa pela cabeça de quem joga a versão demo, disponível na “Brasil Game Show” de 2014.

Resident Evil Revelations 2

Apesar de breve e de ser a mesma apresentada na Tokyo Game Show, a demonstração já é uma bela amostra do caminho que o jogo está seguindo. Vemos o retorno da veterana Claire Redfield e a estreia da novata Moira Burton, filha do ex-SWAT, ex-S.T.A.R.S. e personagem amado Barry Burton, já em meio ao cenário ensanguentado e mal iluminado de uma prisão onde despertam, após serem raptadas por uma força ainda desconhecida, durante um coquetel da TerraSave, ONG de apoio a vítimas de bioterrorismo, onde ambas trabalham.

A demo começa em meio ao primeiro capítulo do jogo. Claire e Moira já estão juntas, mas ainda não encontraram armas e itens de defesa. O objetivo principal deste trecho é encontrar a chave para a ala especial da enfermaria para prosseguir até o final do capítulo. As jovens são observadas por um misterioso voyeur, através de câmeras espalhadas por todo o local.

Estes primeiros minutos de jogo servem como uma espécie de tutorial, onde aprendemos a fazer uso dos controles e dos atributos individuais das personagens. A primeira arma só é encontrada quando há a necessidade de Claire atirar na chave, que havia ficado presa em um lugar alto, e derrubá-la. A partir daí, surgem os primeiros inimigos, os Afflicted, alguns equipados de machadinhas e ferramentas que usam para golpear. Além de rápidos e resistentes, seus golpes são letais e podem tirar muita energia de uma só vez. O tiro na cabeça, como já é de se esperar, é a melhor opção, se você tiver uma boa mira.

A pouca claridade disponível nos ambientes vem da lanterna de Moira, que descobrimos não se tratar de uma “nova Ashley Graham”. Suas utilidades vão além de iluminar e encontrar os itens: o fato de se recusar a fazer uso de armas de fogo não a impede de ser uma combatente ao lado de Claire. A escassa munição, uma característica marcante nos jogos do gênero, é realmente insuficiente para a quantidade e a brutalidade dos Afflicted, e Moira pode te ajudar a economizar as poucas balas encontradas ao focar a luz de sua lanterna no rosto dos inimigos e cegá-los (na verdade, queimá-los, com direito a uma fumacinha nitidamente visível) brevemente. É aí que Claire entra com um chute para derrubá-lo ao chão e esfaqueá-lo até a morte. Além disto, já em poder do pé de cabra, Moira pode realizar ataques furtivos e finalizações.

Resident Evil Revelations 2

Para quem jogou o primeiro Revelations e gostou do scanner Genesis, aliás, a lanterna de Moira é um bom substituto ao objeto de alta tecnologia, e a descoberta dos itens não passará batida, graças a um som emitido quando algo é iluminado. É bom, no entanto, não focar a lanterna tempo demais em algum lugar ou inimigo, pois ela descarrega e leva alguns segundos para voltar a funcionar.

Por se tratar de um jogo cross-gen, que será lançado para consoles tanto da geração passada (PS3 e Xbox 360) quanto da atual (PS4 e Xbox One), os gráficos estão bonitos dentro do esperado, mas infelizmente peca na riqueza de detalhes que sempre foi uma característica da série, mas vem sendo deixada de lado nos últimos títulos. Não foram encontrados arquivos que contam mais detalhes sobre o plano de fundo tanto do local onde se encontram quanto da trama em si, mas talvez isto se dê pelo fato de ser uma versão demo ou porque pretendem compensar a ausência destes arquivos com mais cutscenes e até diálogos entre as personagens. É através de uma destas conversas durante o jogo que descobrimos que Claire sabe a respeito da tragédia passada na família de Burton, mas que havia se esquecido dela ao dizer que a jovem também deveria encontrar uma arma.

Os controles trazem inovações, como a possibilidade de mirar com L2 e atirar com R2, e uma esquiva mais fácil de aplicar do que a do Revelations anterior. Mas o destaque fica por conta do retorno às tradições com o inventário limitado (Claire tem 8 “slots” disponíveis, enquanto Moira tem 4), onde itens e ervas dividem espaço. O atalho para uso da erva está de volta, mas não é instantâneo: é preciso segurar o botão e aguardar o carregamento para que ela seja utilizada. E um adendo importante deve ser feito: a utilização da erva cura apenas o personagem que a utilizou, independente das duas estarem próximas.

Durante a versão demo, já é possível encontrar tesouros, uma “herança” de Resident Evil 4 e Resident Evil 5. Estes itens especiais são convertidos em BPs e possivelmente servirão para a compra de armas e itens, ou para customizações de armamento ou do próprio personagem. Como a Capcom ainda não falou a respeito, só resta especular e imaginar o seu propósito.

Pouco antes do encerramento do capítulo, Claire e Moira ouvem uma voz misteriosa saindo das pulseiras brilhantes com as quais despertam na misteriosa prisão. Descobre-se, então, que a cor da pulseira muda em resposta ao medo que Claire e Moira sentem. Este, inclusive, parece ser um dos temas do jogo, cujo roteiro está sendo escrito por Dai Sato, roteirista do primeiro Revelations, desta vez com inspiração em obras de Franz Kafka. “Tema o que você se torna, e torne-se o que você teme” é o que recita o sádico observador.

Resident Evil Revelations 2

O capítulo termina e uma tela com cenas do próximo surge, com a mensagem “NEXT TIME ON RESIDENT EVIL REVELATIONS 2”. A trama não será linear, assim como no jogo anterior, e somente a partir do segundo capítulo é revelado como ocorre o rapto de Claire e Moira. Outras cenas breves abrem margem para algumas especulações, como Moira acenar para Claire durante o coquetel da ONG reforça o fato de que as duas já se conheciam anteriormente, a jovem novata pedindo ajuda em um sistema de rádio e Claire se perguntando sobre a identidade de alguém não revelado ainda. A curiosidade fica, inevitavelmente, bastante aguçada, e isto prova que o formato episódico, onde cada um dos quatro capítulos terá cerca de 2 horas de duração, foi uma boa escolha por parte dos desenvolvedores do título.

Independentemente das poucas falhas, a sensação final que se tem, após a conclusão da demo, é de um certo alívio, ao perceber que a franquia está voltando aos seus eixos e ao gênero onde se criou e se consolidou. Se este título tiver uma trama de qualidade como a do primeiro Revelations, e há boas chances disto se concretizar, pois o roteiro está nas mãos de um escritor competente, poderemos finalmente assistir a um novo passo da franquia Resident Evil em direção ao nicho de onde nunca deveria ter saído.

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