Material promocional de Death Island está cheio de erros… E não é a 1ª vez!

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Resident Evil: Death Island

Resident Evil: Death Island vem ganhando vídeos promocionais focados nos personagens que irão aparecer na animação. No entanto, se o objetivo de serem informativos e situar (ou relembrar) os gamers de quem é quem, não está sendo bem-sucedido.

Acontece que, em cada vídeo, chamado de THE TEAM (A Equipe), há uma tela de “seleção de personagem”, e cada um deles tem uma curta biografia na parte inferior da tela. E o perfil de Jill Valentine, uma das protagonistas da trama, veio simplesmente cheio de erros.

Na primeira versão do vídeo, tínhamos as seguintes informações:

“Ex-membro da unidade da polícia S.T.A.R.S. em Raccoon City, Jill é um dos membros fundadores da BSAA, junto com Chris Redfield. Durante o “incidente na Mansão Spencer”, ela foi capturada por Albert Wesker, injetada com o T-Virus e recebeu lavagem cerebral para trabalhar para ele. Apesar de não estar mais infectada pelo T-Virus, ela ainda é assombrada pela culpa por trair seus amigos. Jill voltou para a BSAA e a sua motivação em acabar com o bioterrorismo só ficou maior.”

Ontem, o usuário do Twitter @jill_valentona me chamou atenção de que a biografia da Jill no segundo vídeo promocional de Resident Evil: Death Island agora estava corrigido. Conforme o texto acima, na 1ª versão, dizia que “durante o Incidente na Mansão Spencer, ela foi capturada por Albert Wesker“, dando a entender pra muita gente que a campanha canônica do primeiro Resident Evil seria só a de Chris Redfield. E isto não é verdade, porque RE1 não tinha cenários A e B, como aconteceu a partir do Resident Evil 2. Ou seja, tanto faz com quem você jogue, as duas campanhas são canônicas.

Se for facilitar a sua vida, considere a explicação que está na enciclopédia Resident Evil Archives Vol. I. O livro teve erros de tradução do japonês para o inglês pela Bradygames, mas, querendo ou não, ainda é um conteúdo oficial e vale a pena conferir. Nele, houve uma junção bem legal das campanhas de Chris e Jill no RE1, dizendo quais foram as ações de cada um dentro da Mansão Spencer.

Outro erro nesta primeira versão da biografia de Jill seria a de que Wesker a havia injetado com o T-Virus e feito lavagem cerebral nela. A parte da lavagem cerebral é verdade, mas a do T-Virus é absurda. A infecção de Jill pelo T-Virus em 1998, em Raccoon City, aconteceu durante um confronto com o Nemesis T-Type. E, anos depois, quando ela se sacrifica para salvar Chris, na Propriedade de Spencer, e acabaria virando cobaia dos experimentos do Uroboros, o T-Virus foi reativado durante seu sono criogênico.

Conforme diz o seu arquivo na Library de Resident Evil 5:

“Algo estava acontecendo dentro do corpo de Jill, e a curiosidade de Wesker se acendeu. Investigações posteriores mostraram que uma forma mutada do T-Virus ainda estava dentro de seu corpo. Era um resquício de sua infecção em Raccoon City. A cura que ela recebera deveria ter erradicado todos os traços do vírus de seu corpo, mas ao invés disso causou que o vírus fosse colocado em um estado de dormência. Seu período prolongado em sono criogênico de alguma forma reativou o vírus.

Pouco depois de ser reativado, o T-Virus desapareceu completamente de seu corpo, mas deixou outra coisa em seu lugar. Wesker descobriu que o corpo de Jill continha agora anticorpos poderosos ao vírus. Durante todos estes anos, o T-Virus que estava dentro de seu corpo o forçava a desenvolver um sistema de defesa que nada mais era que miraculoso. Esta descoberta mais tarde auxiliaria as ambições de Wesker.”

Se ela já tinha o T-Virus adormecido em seu corpo, não faria o menor sentido Wesker reinjetar o vírus nela, até porque o objetivo era usá-la como cobaia do Uroboros para se vingar de Jill e Chris. “Ah, mas e se for uma variante do T-Virus?”. Se fosse este o caso, a informação deveria ser de comum conhecimento desde a época do Resident Evil 5, nos arquivos do jogo, o que não aconteceu.

É claro que a Capcom pode incluir detalhes em eventos passados, mas se ela fizer isto indiscriminadamente, ainda mais tantos anos depois, só para talvez justificar a mudança de aparência da personagem, a lore vai ficar cada vez mais esburacada e confusa. Em qualquer universo ficcional, ou seja, em qualquer “lore” de um universo fictício, precisa existir uma fidelidade às suas regras estabelecidas. E, quando se quebra isto, rompe-se também com algo chamado “suspensão da descrença”, que é a capacidade do leitor/espectador de imergir nas regras daquele universo e acreditar nelas.

No segundo vídeo, a biografia de Jill ganhou uma nova versão:

“Ex-membro da unidade da polícia S.T.A.R.S. em Raccoon City, Jill é um dos membros fundadores da BSAA, junto com Chris Redfield. Durante um incidente na propriedade de Spencer, ela foi capturada por Albert Wesker e recebeu lavagem cerebral para trabalhar para ele. Após ser resgatada por Chris, Jill voltou para a BSAA e a sua motivação em acabar com o bioterrorismo só ficou maior.”

Resident Evil: Death Island (Jill Valentine)

O problema é que esta não foi a primeira vez em que algo assim aconteceu. Durante o período de marketing de Resident Evil 4 Remake, a Capcom lançou um ARG (Alternate Reality Game, ou jogo de realidade alternativa), chamado BABYEAGLEISMISSING. Consistia em acessar os arquivos do sistema do governo americano para fazer parte da investigação do rapto de Ashley Graham, a filha do Presidente americano.

Até aí, tudo bem. No entanto, o site trazia resumos de jogos passados repletos, mas repletos de erros, no nível de você se perguntar se havia jogado os mesmos jogos que estavam descritos ali. Era um verdadeiro show de horrores, tanto é que preferi nem noticiar por aqui na época, e focar em conteúdos mais interessantes como aquecimento para RE4. Muita gente ainda tentou justificar, especulando que, como era algo do sistema do governo americano, poderia haver uma tentativa de “omitir” a realidade. Isto, porém, não faria o menor sentido… Mas aí é papo para outro artigo futuro, envolvendo Umbrella e governo americano. (Abaixo, prints dos textos retirados do site BABYEAGLEISMISSING.)

E, sim, estamos todos cientes de que estes conteúdos vêm de empresas terceirizadas de marketing. Mas, convenhamos, que é preciso que haja uma revisão antes da publicação, certo? E, pelo jeito, isto não está acontecendo. A Capcom sabe que o fandom de Resident Evil é, há 27 anos, fascinado pela trama do jogo e de cada um de seus pormenores. Não fosse isto, ela não teria lançado livros focados nisto, como os próprios Archives Vol I e II. Portanto, estes erros são inadmissíveis, com todo o respeito que temos à empresa.

Adendo: o usuário do Twitter @z_konran complementou as informações acima com o fato da biografia errada de Jill ainda estar no site oficial da animação. A tradução abaixo foi do japonês para o português automaticamente pelo Google Chrome.

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