Resident Evil 1.5 (ou Resident Evil 2 Prototype) foi um dos muitos “betas” da franquia Resident Evil. Esta lendária versão foi, na verdade, o “primeiro” Resident Evil 2, quando a Capcom resolveu lançar uma sequência para o aclamado Resident Evil de 1996. Sob o comando do diretor Hideki Kamiya, a ideia inicial era a de expandir o tamanho dos cenários, já que seu antecessor se passava em uma mansão. Desta vez, o jogo seria na cidade de Raccoon City, tomada por zumbis após o vazamento do vírus.
A princípio, Resident Evil 2 teria apenas 1 CD, mas depois de diversos adiamentos e mudanças, o jogo passou a ter 2 CDs. Estes atrasos culminaram no atraso de seu lançamento, previsto inicialmente para 1997, um ano depois de sair o primeiro game no mercado. Os fãs, ávidos por um novo capítulo da então nova franquia, clamavam por Resident Evil 2, e seu lançamento foi finalmente agendado para o início de 1998.
O conceito inicial de amplitude incluía um jogo muito maior do que o primeiro, com muitas localidades, cenários e possibilidades. Passando-se em uma cidade, o jogo teria um número bem maior de inimigos, além de uma variedade também maior, não somente em questão dos trajes usados por zumbis, sortidos entre civis e policiais, homens e mulheres, magros e gordos, mas também em tipos de criaturas a serem encontradas perambulando pelas esquinas de Raccoon. Cada zumbi se moveria com certa velocidade, enquanto alguns viriam caminhando em sua direção, outros poderiam vir correndo e surpreender. Isto, infelizmente, foi retirado da versão que conhecemos, mas quem ficou com a herança do conceito foi Resident Evil 3, lançado em 1999, e que traz alguns momentos onde os zumbis correm na direção do personagem.
Para detonar essa horda de monstros, você contaria com um arsenal ainda mais considerável do que no game original. Armas novas como uzis, metralhadoras e rifles, além das armas do game original, estariam entre as inovações. A munição não seria escassa como em Resident Evil 1, e você poderia atirar nos inimigos sem ter medo de ficar sem balas. Não bastasse isto, os zumbis agonizariam enquanto estivessem morrendo, dando gritos de agonia dignos de um bom título do gênero terror.
Foram cogitadas inúmeras inovações: a interação com os elementos do cenário seria maior, o que adicionaria muito aos fatores estratégia e replay, pois você teria que pensar muito mais em como e onde ‘investir’ sua munição, além de as possibilidades serem muito maiores também a cada novo jogo iniciado. Muito foi falado na época sobre a necessidade da troca constante de roupas durante o game: ao matar um zumbi, seu sangue espirraria, e você poderia facilmente se contaminar se ele entrasse em contato com o seu organismo. A ideia da troca de roupas também influenciaria bastante no status do personagem e na quantidade de itens que ele poderia levar, dependendo do que estivesse vestindo.
Os protagonistas escolhidos: Leon S. Kennedy, um policial novato na cidade, e Elza Walker, uma estudante universitária, fascinada por motos. Ao contrário de Claire Redfield, por quem foi posteriormente substituída, Elza chegara a Raccoon porque fora aceita na universidade local, e não em busca de seu irmão. Na época, correram boatos de que você poderia encontrar os personagens de Resident Evil 1 em um hospital nos arredores da cidade, e que eles poderiam até ter um papel essencial na história.
Depois de 80% de desenvolvimento do jogo, a equipe decidiu reiniciar a sua produção do zero, alegando um nível de qualidade muito inferior ao do primeiro jogo e a falta de uma conexão entre os dois títulos. Foi aí que as mudanças drásticas começaram. Trocaram Elza por Claire Redfield, para que o game fosse realmente uma sequência, e não apenas um novo Resident Evil sem relação com seu anterior. Muitos dos cenários divulgados em imagens, especialmente no capítulo estrelado por Elza, foram removidos da versão final, como um estande de treinamento de tiro e uma prisão onde os presos, transformados em zumbis, ficavam com suas mãos para fora de suas celas, na tentativa de agarrar o personagem. A área explorável do jogo seria 50% maior comparada com RE1, e você poderia explorar muitas ruas, becos, prédios, casas e até andar sobre telhados.
Há quem acredite que a Capcom mantém o projeto inacabado em seus arquivos, trancado a sete chaves, e diversas petições já foram lançadas sem sucesso, implorando pelo lançamento do jogo. Algumas pessoas também afirmam possuir o jogo e seu valor no ‘mercado’ já chegou a estimar cerca de 5 a 10 mil dólares entre os que caçam desesperadamente esta versão.
A verdade é que, se foi considerada tão inferior depois de já estar quase pronta, é porque a equipe de produção sentia que tinha uma capacidade muito maior de fazer algo excepcional e que fizesse realmente jus ao primeiro jogo lançado, e é inegável que a versão final de Resident Evil 2 é incrível, e foi tão ou mais aclamada pelos fãs e pela crítica especializada do que a trama protagonizada por Chris e Jill na mansão Spencer.
Sobre os Personagens:
Alguns personagens seriam bem diferentes na versão “prototype” de Resident Evil 2, enquanto outros foram simplesmente descartados. Abaixo, você confere algumas informações a respeito dos personagens que estariam no jogo:
- Leon S. Kennedy: Policial recém-formado e aceito no Departamento de Polícia de Raccoon, o R.P.D. Notem a diferença deste Leon para o que conhecemos hoje: ele seria mais moreno, como o Chris, e seu uniforme também seria diferente.
- Elza Walker: Depois de ser uma motoqueira que rodou todo o país, Elza foi aceita na universidade de Raccoon. Seus dados de altura, peso e tipo sanguíneo foram mantidos para Claire, assim como a personalidade aventureira.
- Sherry Birkin: Apesar de também estar presente no elenco de Resident Evil 1.5, a garotinha de 12 anos, Sherry Birkin tinha algumas diferenças na roupa e seria controlável por mais tempo e mais vezes no jogo.
- Ada Wong/Linda: Aparentemente, ela continuaria mantendo o ar de mulher misteriosa em busca de seu namorado John, um dos pesquisadores da Umbrella. Ela também seria pesquisadora e usaria um jaleco da Umbrella.
- Annette Birkin: Não se sabe se haveria alguma diferença nela em relação ao Resident Evil 2 final, mas, assim como o seu marido, William Birkin, ela se transformaria em uma horrenda criatura G.
- Brian Irons: Não foram confirmadas diferenças em relação ao personagem da versão lançada, só se sabe que seu traje seria diferente.
- DJ/Roy: Este personagem foi retirado da versão definitiva. O que se sabe é que ele possivelmente seria um policial sobrevivente e um personagem também controlável, talvez por tempo limitado. Nunca foi revelada a razão pela qual ele foi retirado da versão final.
- William Birkin: Continuaria sendo o pesquisador que injetou o vírus no próprio corpo, porém talvez ele tivesse mais participação na trama, não só como monstro, mas também como humano. Seria possível escutá-lo gritando o nome de sua filha Sherry durante o jogo.
Muitas informações contidas neste texto tiveram como referências as revistas antigas de videogames, como SuperGamePower, Ação Games e Gamers, que por sua vez, na época, tinham como fontes publicações internacionais. Um dos sites mais importantes e focados em Resident Evil 1.5, como o Bio Flames, também possuía um compilado riquíssimo de informações sobre o assunto, além das inúmeras discussões Internet afora, com diversas teorias sobre o jogo e as possibilidades de Resident Evil 2 Prototype.