Matéria Especial | As Referências a Resident Evil em The Evil Within

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Shinji Mikami saiu da Capcom e acabou deixando Resident Evil para trás, mas, definitivamente, como diria o ditado popular “Resident Evil não saiu do Mikami”. Não há prova maior disto do que as inúmeras referências e semelhanças à sua franquia anterior em seu mais novo jogo, o excelente “The Evil Within” (ou “Psycho Break” no Japão), lançado para PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One e PC.

A saída de Mikami da Capcom deixou muitos fãs de Resident Evil desolados e incertos do futuro da franquia. Como todos sabem, o jogo acabou seguindo a tendência de mercado e foi para o lado da ação, deixando as suas raízes do terror e do Survival Horror no passado. O gênero, que nasceu com Alone In The Dark e Sweet Home, e foi popularizado e recriado por Resident Evil na década de 90, parecia agora restrito às desenvolvedoras indies.

Mas, como toda tendência sempre volta um dia, Mikami certamente sentiu falta de seus dias como diretor de jogo de terror. Assim, criou The Evil Within, trazendo o gênero à tona às grandes desenvolvedoras. A surpresa mais agradável, porém, foi que ele não esqueceu de seu filho primogênito. E ainda o homenageou de diversas formas em sua nova franquia!

(Importante ressaltar que este texto possui spoilers da trama de The Evil Within.)

OS GANADOS E OS HAUNTED:

Se você jogou Resident Evil 4, percebeu as semelhanças tanto nos cenários quanto nos inimigos. Isso sem falar no estilo de jogabilidade de câmera sobre o ombro, introduzido ao quarto título de Resident Evil, sob a direção do próprio Mikami. Dá para dizer sem exageros que muitas criaturas de The Evil Within tem uma semelhança absurda com as de Resident Evil 4. Desde os ganados, passando pelo Dr. Salvador carregado de sua motosserra barulhenta e os Gigantes. Há até uma criatura com um olho gigantesco anexo ao corpo, que é uma mistura de Saddler com William Birkin, de Resident Evil 2, e uma aranha gigantesca que remeteria facilmente à Black Tiger do primeiro Resident Evil, e chegando ao monstro marinho Del Lago.

Assim como os ganados, os Haunted atacam em bandos, podem mover alavancas, armadilhas e golpear com ferramentas ou armas brancas. Inclusive, em uma das cutscenes, é impossível não lembrar do Pueblo ao ver aldeões carregando tochas.

O PRIMEIRO ZUMBI/HAUNTED:

Impossível esquecer o primeiro zumbi da franquia Resident Evil, aquele que mata Kenneth J. Sullivan, membro da Equipe Bravo dos S.T.A.R.S., e se vira para você, com a boca toda ensanguentada. Pois é, nem o Mikami esqueceu e resolveu homenageá-lo em The Evil Within. Um dos parceiros do protagonista Sebastian Castellanos, Connelly, se transforma em uma das horrendas criaturas em uma cena bastante parecida com a do primeiro Resident Evil.

AS GAROTAS LAURA E LISA TREVOR:

Se, em Resident Evil, a jovem Lisa Trevor foi vítima da ilimitada maldade humana, com Laura de The Evil Within não foi diferente. A garota de cabelos negros aparece constantemente para acabar com a sua tranquilidade, assim como a filha de George Trevor perambulava pela mansão Spencer em busca de novas vítimas. Laura até brinca de ser “licker” em certo momento e chega a passar rastejando por uma janela. Seria uma possível homenagem a Resident Evil 2?

Você pode salvar seus progressos se… Oops! Jogo errado, Sebastian!
MÚSICA CLÁSSICA:

Lembra daquela música calminha que começava a tocar sempre que você encontrava uma sala de salvamento em Resident Evil? O Mikami também lembra, e abusou de seu bom gosto com músicas clássicas na hora de escolher o tema do que poderia ser uma “sala de salvamento” em The Evil Within. Ao ouvir o som da bela “Clair de Lune” de Debussy, já se pode respirar aliviado. Você irá se “transportar” para o local onde é possível salvar e melhorar os atributos de Sebastian, uma recepção de hospital guardada pela enfermeira Tatiana, ao som dos tique-taques de um antigo relógio de parede. Aliás, seria Tatiana uma mistura (por que não?) de Ingrid Hunnigan de Resident Evil 4 com Rebecca Chambers de Resident Evil 1?

E falando em música clássica, o primeiro Resident Evil apresentou o Soneto ao Luar de Beethoven a muitas pessoas, no enigma do piano. Em The Evil Within, o tema “Air on G String” de Bach marca presença nos trailers do jogo e em um dos momentos logo no começo, quando Sebastian desperta amarrado pelos pés no abatedouro de um sádico.

OS CORVOS:

Como tem corvos em The Evil Within! São incontáveis as cenas em que as aves aparecem, ou que se pode ouvir seus sons ao longe. A mesma coisa com as máquinas de escrever. Infelizmente, não é possível salvar seus progressos nelas. Também não é possível resolver um enigma no relógio antigo no hall da mansão da família Victoriano ou nos quadros espalhados pela sala de estar. Nem tocar Moonlight Sonata no piano. Mas, mesmo assim, agradecemos pelas lembranças, Mikami.

“Você está entrando novamente no mundo do Survival Horror… Boa sorte!”
INCINERANDO OS CORPOS:

No Remake do primeiro Resident Evil, de 2002, é necessário queimar os corpos dos zumbis que não tiveram o cérebro destruído para que não voltassem como Crimson Heads. Em The Evil Within, Mikami se utilizou do mesmo sistema, implementando o uso de fósforos para queimar inimigos que não tiverem a cabeça estourada. Esta é a forma de eliminá-los definitivamente em ambos os jogos.

ENTRE IRMÃOS:

É inevitável não se lembrar de certo casal de irmãos gêmeos da franquia Resident Evil ao se deparar com a trama dos irmãos Ruben e Laura, de The Evil Within. Talvez não seja proposital, mas a semelhança com Alfred e Alexia Ashford é gritante, principalmente entre Alfred e Ruben. Laura, no entanto, não se parece fisicamente com Alexia, e está mais para uma mistura de Lisa Trevor com Alessa Gillespie, da franquia Silent Hill. Mas uma característica em comum das duas é o fogo como elemento importante em suas tramas: Laura é uma criatura cujo ponto fraco é o fogo, enquanto Alexia tem um sangue inflamável que se transforma em labaredas, depois de sofrer sua primeira mutação com o vírus T-Veronica.

O sadismo presente em Evil Within remete ao mesmo sadismo de Resident Evil, além de outros temas, como tragédias familiares, traições, megalomania e motivações duvidosas. Sem falar na vingança, onde James Marcus de Resident Evil Zero entraria facilmente nesta categoria, por exemplo, ao ser associado com Ruvik e seus planos.

MANSÕES:

Parece que Shinji Mikami é realmente um fã de mansões e de tragédias em famílias abastadas. A atmosfera da residência da família Victoriano também remete bastante à mansão Spencer. E até mesmo ao palácio dos Ashford e ao castelo da família Salazar. A sala de jantar, a lareira, a biblioteca…

Ao entrar na biblioteca, você até espera que, de repente, uma cobra gigantesca apareça para infernizar a sua vida. O playground macabro, do capítulo 10, uma criação sádica de Ruvik, algo bem parecido com o que Alfred Ashford oferece a Claire em Resident Evil CODE: Veronica, merece uma menção especial, com direito a carrossel e outras diversões de gosto duvidoso.

ALUCINAÇÕES:

Uma das versões descartadas de Resident Evil 4 trazia um Leon infectado tendo alucinações e vendo um inimigo com correntes que o perseguia incessantemente. Ela acabou sendo cancelada por deixar o jogo com uma atmosfera muito sobrenatural, mas, pelo jeito, Mikami não se esqueceu do conceito e decidiu guardá-lo para uma futura oportunidade. E eis que ela chegou, com The Evil Within.

Se você já passou pelo capítulo 9 (The Cruelest Intentions), vai ver que foi utilizado algo bastante parecido. Nele, Sebastian é perseguido em alguns momentos pelo antagonista Ruvik, quando uma espécie de luz azulada toma conta do ambiente, assim como na versão 3.5 de Resident Evil 4. O instante dura alguns segundos até que o cenário volte ao normal e Ruvik desapareça.

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