Tradução de entrevista/artigo com Shinji Mikami, onde ele fala sobre o gênero do Survival Horror para o site Games Industry.
Para Shinji Mikami, a diferença entre o Oriente e o Ocidente ficou aparente para ele enquanto ainda trabalhava para a Capcom:
“Os jogos se tornaram grandes projetos, exigindo muitos recursos tanto da criação quanto do mercado. Os jogos ficaram mais arriscados. As companhias japonesas não assumem estes riscos, como os desenvolvedores ocidentais fazem. No passado, o que o presidente da Capcom [Kenzo Tsujimoto] me disse foi que o desenvolvimento de jogos estava ficando mais e mais caro, e muitas companhias japonesas não investiriam $30 milhões ou mais em um jogo.”
Mikami percebeu que os desenvolvedores ocidentais parecem estar “trabalhando mais pesado”:
“[Mas] se podemos investir $30 milhões em um jogo, podemos vencer.”
(…)
Sem dúvidas, Mikami está feliz em fazer parte de uma companhia ocidental de jogos. Seu estúdio, Tango Gameworks, foi adquirido pela Bethesda Softworks, e atualmente trabalha no desenvolvimento do título The Evil Within, criado por Mikami. Porém, ele enfatiza:
“Ainda há muitas boas companhias [japonesas]. (…) Quanto à estrutura organizacional das companhias, acho que seria bom se as companhias fossem mais flexíveis na incorporação de tecnologias de fora.”
O desenvolvedor se declarou “desmotivado” com o gênero Survival Horror após trabalhar em jogos semelhantes por tanto tempo, mas, desde que parou de trabalhar com o gênero, ele viu muitos conceitos dos quais discorda fortemente. Sem entrar em detalhes, ele afirmou:
“Eu não tenho permissão para dizer coisas ruins.”
Porém, notou que a Capcom “começou a ir em uma direção diferente com Resident Evil, e isto lhe despertou a vontade de voltar e criar um “verdadeiro” Survival Horror.
Para ele, a fidelidade gráfica da nova geração, além de interações entre jogador e câmera, oferecidas por tecnologias como o Kinect, com a possibilidade de captar expressões faciais e batimentos cardíacos, deixam os jogos mais assustadores.
“Esta é uma grande vantagem sobre as gerações anteriores. (…) Se a precisão melhorar e pudermos realmente observar a expressão facial do jogador e seus batimentos, o jogo poderia reagir a isto e poderia ser algo para usarmos no survival horror.”
Mikami também fala sobre a questão da violência no gênero e em ‘The Evil Within’:
“Eu não presto muita atenção a isto. Jogos não são algo para morais, são entretenimento, então se você busca moral, deve ir a algum outro lugar, como a uma escola. Estamos fazendo entretenimento.”
Sobre a criação de jogos do estilo para videogames portáteis:
“Jogos de terror não ficam bons em telas pequenas.”
No entanto, se obtiver aprovação de seus superiores para criar títulos para portáteis, ele os fará. Só não serão survival horrors.
Por enquanto, Shinji Mikami só quer dar bons sustos nos jogadores, mas eles não devem esperar por uma ‘experiência Resident Evil’ em ‘The Evil Within’:
“O medo e o triunfo de superar os medos é o mesmo. A diferença é que a série Resident Evil tem seus medos (zumbis etc.) focados na ciência – vírus e tal – enquanto que, em The Evil Within, o plano de fundo destes medos é mais cerebral, mais psicológico, como o medo dentro da alma humana. Esta é a grande diferença conceitual.”
Fonte: Games Industry
*Artigo e entrevista originais foram devidamente adaptadas para melhor inserção em nosso arquivo do site.*