O Wesker’s Report II é um relatório de Albert Wesker, revelado unicamente em texto como material complementar oficial da série durante a época de divulgação de Resident Evil Zero. Ele contém informações que servem de “prequel” para o jogo (e para a franquia).
Introdução:
Antes do “incidente de Resident Evil” ocorrer, Wesker deixou um registro sobre os últimos 20 anos e todos os acontecimentos que ocorreram entre ele e “o incidente”.
Ele o enviou a “Eda Won”, mas não temos detalhes sobre ela.
Aqui estão os registros.
ATENÇÃO: os seguintes registros contém informações de Resident Evil, parte 2, 3 e CODE: Veronica.
- Capítulo / Chapter 1
- Capítulo / Chapter 2
- Capítulo / Chapter 3
- Capítulo / Chapter 4
- Capítulo / Chapter 5
Capítulo 1 – O Experimento
31 de Julho de 1978
A primeira vez que visitei este lugar foi no verão de meus 18 anos. Isso deve ter sido há uns 20 anos atrás. Assim que saí do helicóptero, me lembro da visão do vento em redemoinho que as hélices do helicóptero faziam no ar. Quando vista de cima, a velha mansão parecia bem normal, mas quando vista do chão, havia algo agourento e inatingível nela. Birkin (2 anos mais novo que eu) parecia, como sempre, estar somente preocupada com o documento que estava segurando.
Fomos designados à mansão dois dias antes, no dia em que o “centro de treinamento executivo”, do qual fazíamos parte, foi fechado. Tudo parecia ter sido planejado e era muita coincidência. Mas provavelmente a única pessoa que sabia a real verdade era Spencer.
Spencer era um dos principais no comando da pesquisa do T-Virus na América, no Complexo de Pesquisas Arklay.
Assim que saímos do helicóptero, o comandante do complexo estava parado em frente ao elevador, pronto para nos cumprimentar.
Eu nem consigo me lembrar do nome do rapaz. Quem realmente se importa com formalidades e figurões como ele? Daquele dia em diante, o Centro de Pesquisas Arklay era nosso. Como Pesquisadores-Chefe, fomos colocados totalmente a par de todos os aspectos do complexo. É claro que era simplesmente como Spencer havia planejado. Ele nos escolheu.
Ignoramos o comandante do complexo e entramos no elevador. Eu já havia memorizado o esquema do prédio no dia anterior, e Birkin, apesar de não ter más intenções, nunca prestou muita atenção a outras pessoas.
Muitas pessoas provavelmente ficam aborrecidas cinco segundos depois de nos conhecer.
No entanto, o chefe do complexo não teve qualquer reação.
Até então, eu era um jovem completamente seguro de mim, então não dei muita atenção ao comandante do complexo.
Mas no final das contas, eu era, na verdade, apenas um fantoche de Spencer, e o comandante do complexo, cujo chefe era o Spencer, pelo menos sabia o que Spencer queria, e o que estava pensando.
O tempo todo em que ficamos no elevador, Birkin não tirou os olhos do documento que estava segurando.
O documento que Birkin estava examinando tão de perto era um relatório sobre um novo vírus que havia surgido na África. Era chamado de “Ebola”.
Naquele momento, havia muitas pessoas no mundo todo estudando o vírus Ebola. No entanto, eu acho que há duas principais razões pela qual o estavam estudando. Para ajudar pessoas e… para matá-las.
Como você provavelmente sabe, a taxa de mortalidade de alguém infectado pelo Ebola é de 90%. Em 10 dias, ele destrói os órgãos de uma pessoa. Mesmo agora, não há meios conhecidos para preveni-lo ou curá-lo. Ele poderia, muito possivelmente, destruir uma grande parte da raça humana.
É claro que, mesmo antes disso, devido a um “Pacto de Proibição de Armas Biológicas”, era ilegal para nós estudar o vírus como uma arma. Contudo, mesmo se não fôssemos nós a pesquisá-lo, não havia provas de que alguém mais não estivesse fazendo a mesma coisa, então era considerado legal que nós o pesquisássemos – em todo caso. Há uma linha tênue na “lei internacional” entre o que é aceitável e o que é proibido.
E então, tornou-se necessário pesquisar como as informações de estudos do vírus poderiam ser usadas como método de prevenção, não como arma. Não há reais diferenças no modo como se pesquisa um vírus como cura de como a pesquisa como arma.
Mas como os dois são muito semelhantes, é possível fingir que você está pesquisando a cura, quando, na verdade, está pesquisando o vírus como uma arma.
Apesar de, naquele momento, por qualquer razão, Birkin estar olhando o relatório do Ebola, ele não estava de fato pesquisando o vírus Ebola. O vírus Ebola tinha muitos “pontos fracos”.
Primeiramente, o vírus só podia sobreviver por alguns dias se não estivesse dentro de um corpo humano. Ele logo “morreria” se estivesse sob a luz do sol (raios ultravioletas) por muito tempo.
Em segundo lugar, já que ele mata o hospedeiro tão rapidamente, não há tempo suficiente para transmitir/infectar outros hospedeiros.
Por último, o vírus só é transmissível por contato direto e, portanto, pode ser facilmente prevenido.
Tente imaginar o seguinte: e se uma pessoa que foi fortemente infectada (a doença se espalhou por todo o seu corpo) pudesse na verdade ficar de pé e andar? E, sem saber disso, estivesse em contato direto com outra pessoa, de seu convívio?
E se o RNA do Vírus Ebola pudesse na verdade alterar o código genético de uma pessoa? E se, através disso, a pessoa pudesse ser portadora do vírus sem morrer? E se essa pessoa tivesse a resistência de um monstro?
Ou seja, esta pessoa não seria uma “morta viva” cujo corpo carregaria o vírus? Algo que pudesse infectar outros, algo como uma “arma biológica viva”.
Acho que temos sorte pelo vírus Ebola não ter o potencial para fazer essas coisas.
Fico imaginando se conseguiremos manter tal vírus sem deixá-lo cair nas mãos de pessoas erradas.
O Laboratório Arklay liderado por Spencer fora construído para este propósito, ao que parece. Para criar uma doença com as características que listei anteriormente. Oficialmente, era apenas uma companhia farmacêutica pesquisando curas para vírus, mas na verdade era uma fábrica de manufaturar armas biológicas.
O fundamento da companhia era criar novos vírus “iniciais” através da recombinação de genes.
Para produzir “armas biológicas” através destes vírus “iniciais”, eles começaram a estudar as “mutações virais” para poder “fortalecer” os vírus básicos que haviam criado.
Este era conhecido como o experimento “T-Virus”.
Os vírus iniciais baseados em RNA poderiam ser facilmente modificados. Através dessas mutações, é possível “fortalecer” suas características.
A razão pela qual Birkin estava tão interessado no vírus Ebola era que ele estava pensando em recombinar os genes do Ebola dentro de um vírus inicial para fortalecer seus atributos. No momento em que chegamos ao centro de pesquisas, já havia uma amostra do vírus Ebola esperando por nós.
Trocamos de elevadores várias vezes e finalmente chegamos ao andar mais alto do complexo. Quando chegamos, até Birkin olhou para frente.
Foi a primeira vez que “a” vimos.
Não havíamos ouvido uma palavra sobre “ela” antes. Ela era um segredo altamente confidencial do centro de pesquisa. E eles não deixavam qualquer informação sobre ela sair do complexo.
De acordo com os registros, ela estava no centro de pesquisas desde o momento em que fora construído.
Ela tinha 25 anos.
Mas não sabíamos seu nome, nem por que estava aqui.
Ela era usada como hospedeiro experimental do T-Virus. O dia em que começamos o experimento foi em 10 de Novembro de 1967.
Fizemos experimentos nela durante 11 anos.
Birkin resmungou alguma coisa.
Talvez fossem xingamentos pela nossa situação. Talvez fossem palavras de exaltação.
De qualquer forma, havíamos chegado a um ponto sem volta agora.
Tínhamos duas escolhas: progredir em nossa pesquisa… ou ficar aqui apodrecendo como ela estava. É claro que isso significava que só tínhamos, na verdade, uma escolha.
Ela estava amarrada a uma “cama de canos” e algo nela me fez pensar…
Teria isso sido parte do plano de Spencer todo o tempo?
(O relatório continua 3 anos depois)
Capítulo 2 – Alexia 1
27 de Julho de 1981
Hoje, uma garota de 10 anos de idade foi mandada para cá, como pesquisadora-chefe, do Complexo de Pesquisas da Umbrella na Antártida.
Seu nome era Alexia Ashford.
Eu tinha 21 anos, e Birkin tinha 19.
Irritantemente, o complexo inteiro de Arklay estava desenfreado com os rumores da “Alexia da Antártida”. Ninguém falava de nada além disso.
Ela estava na Umbrella há muito tempo. Os mais velhos da Umbrella já conheciam o lendário nome Ashford.
Antes disso, se chegássemos a um ponto sem saída em nossa pesquisa, um dos veteranos diria “se o Professor Edward estivesse vivo”…
Se me lembro corretamente, “Edward Ashford” foi uma das pessoas que primeiramente descobriram o “Vírus Inicial”, e que originalmente planejou criar o T-Virus.
No entanto, ele morreu logo depois que a Umbrella foi fundada. Já faz 13 anos desde sua morte. Então há alguma coisa a ganhar por ter altas expectativas da linhagem “Ashford”?
E, na verdade, o Centro de Pesquisas da Antártida fundado por seu filho não rendeu resultado algum.
As pessoas não sabem os limites da inteligência de Alexia? Ela é apenas a neta de Edward, no final das contas.
Mas desde o dia em que ela chegou, nossos inúteis e imprestáveis subordinados começaram a dizer “É bom Alexia estar aqui”. Ela podia ser de uma família famosa, carregar grandes “genes” dentro dela, mas, apesar disso, eu sabia que seria realmente irritante ter subordinados com tamanha falta de senso crítico.
São idiotas como esses que, se acidentalmente enfiam o pé num balde, ficam sem poder se mexer ou ficam pensando no que fazer até que alguém lhes diga.
Pelo menos, eu ainda podia notar a diferença.
No entanto, se naquele momento eu me aborrecesse com essas coisas, simplesmente atrasaria nossos progressos na pesquisa do T-Virus.
Se não conseguir se manter calmo e ainda decidido, não importando as conseqüências, o sucesso sempre escapará de você.
Naquele momento, eu estava pensando o seguinte:
Fazendo bom uso do “passado”, poderíamos definitivamente lucrar bons resultados. E alguns daqueles “veteranos” podiam simplesmente morrer a qualquer segundo, eles seriam grandes indivíduos de testes.
Afinal, você acha possível ficar acima dessas pessoas se não conseguir usar racionalmente bem seus “recursos humanos”?
Porém, o problema era o Birkin.
O jeito como ele reagiu aos rumores de Alexia era terrível.
Ele nunca disse de fato, mas, para Birkin, o fato de ser a pessoa mais jovem a ser pesquisador-chefe era algo de que se orgulhava.
Aquele “orgulho” foi severamente ferido por uma mera garota de 10 anos ter se tornado pesquisadora-chefe. Foi provavelmente a primeira vez que alguém tão talentoso como ele era provara a derrota.
Ele simplesmente não conseguia aceitar a “mais jovem, garota de boa linhagem”.
Ser feito de bobo por alguém que nunca conseguira resultados. Alguém que trabalhava tão longe.
O fato de que não podia conviver com isso mostrava sua imaturidade.
Entretanto, mesmo ele ainda sendo imaturo, não importasse como, eu tinha que trazê-lo de volta aos seus sentidos.
Foi durante esses três anos que nossa pesquisa passou para o segundo estágio.
Chegara àquele ponto que nos fixamos à idéia de fazer uma “arma biológica viva”. Começamos a chamar o “T-Virus” por um novo nome – “Zumbi”.
No entanto, era impossível chegar a um nível 100% de infecção. Dentre as pessoas, há uma sutil diferença que o vírus não poderia superar totalmente. Parecia que a “compatibilidade” também era um fator principal.
Aproximadamente 10% das pessoas que eram infectadas pelo “Vírus Zumbi” não ficavam infectadas. E isso era algo que, não importava o quanto pesquisássemos, não conseguíamos resolver.
Uma doença que afetaria 90% de todos os humanos parecia para mim ser uma arma bem efetiva. Mas Spencer não via dessa forma. Spencer disse que esperava por um vírus especial que pudesse “facilmente” eliminar TODO MUNDO.
Mas por que, afinal, ele iria querer algo assim?
Uma importante característica das armas biológicas era que elas podiam ser desenvolvidas por um custo barato. Porém, a “arma biológica” que estávamos pesquisando começou a se tornar muito cara.
Se Spencer estivesse nisso apenas por dinheiro, então ele provavelmente não teria escolhido gastar dinheiro extra na pesquisa de um vírus especial que infectaria e eliminaria 100% de suas vítimas. Não “valia a pena” financeiramente.
Por que ele iria querer ignorar todas as questões financeiras apenas para continuar a pesquisa?
Se para mudar a idéia de guerra (através de guerra biológica), ele tivesse o propósito de monopolizar todas as indústrias militares, então eu entenderia, mas…
Até hoje, eu não sei quais eram suas verdadeiras intenções.
Mas, qualquer que fosse a real razão de Spencer, Birkin estava planejando fazer uma arma biológica que aumentaria a capacidade militar de um país.
Não apenas manipular os genes do “T-Virus”, mas também, ao adicionar outro código genético, ele estava planejando criar “ele”.
Uma arma biológica militar que poderia aniquilar aqueles que não foram afetados pelo vírus, assim como pessoas que estivessem usando trajes e equipamentos antivirais. Esta arma foi posteriormente chamada de “Hunter” (Caçador).
Contudo, o experimento foi colocado de lado.
Tudo para proteger os indivíduos de testes de Birkin.
O ritmo de Birkin foi acelerado pela existência de Alexia. Ele começara a agir “fora do normal”.
Ficava no laboratório durante 24 horas direto. Tentava experimentos que ele ainda não havia tentado.
Eu tentei usar outros pesquisadores para pegar mais amostras de indivíduos antes que eles morressem, mas eu não podia agüentar o ritmo dele.
O comandante do complexo trouxe um novo indivíduo, como se nada tivesse jamais acontecido. Mas ela, também, logo morreu.
Era o inferno.
E dentro desse inferno havia apenas uma pessoa viva – O corpo do indivíduo feminino de testes que continuava vivo.
Ela já estava com 28 anos. Já estava há 14 anos de sua vida no complexo de pesquisas.
Alguém cuja “consciência” foram tomada pelo “Vírus Inicial” que fora injetado nela há 14 anos. Alguém que, se seu “coração” estivesse vivo, apenas iria clamar por “morte”.
Mas ela continuava “sobrevivendo”.
Por que só ela conseguia sobreviver por tanto tempo? Seus dados básicos de experimento e os dos outros indivíduos pareciam ser os mesmos.
Ainda levaria muito tempo para que nós resolvêssemos o enigma.
(O relatório continua 2 anos depois)
Capítulo 3 – Alexia 2
31 de Dezembro de 1983
O inverno do meu sexto ano no Centro de Pesquisas Arklay.
Durante os últimos 2 anos, não houve resultados significantes e o tempo parecia flutuar estagnadamente, mas depois de um longo tempo, tivemos uma descoberta.
O que começou tudo isso foi um relatório que recebemos naquela manhã.
A Alexia da Antártida havia morrido.
A causa de sua morte era que ela acidentalmente se infectara com um vírus que ela mesma estava pesquisando. Era chamado de “Vírus T-Veronica”.
Alexia tinha 12 anos. Parece que ela era jovem demais para conduzir experimentos tão perigosos.
Havia muitos rumores a serem ouvidos. Um em particular sugeria que ela mesma havia injetado o “T-Veronica” em seu próprio corpo. Mas não importam as circunstâncias, eu acho essa “teoria em particular” nada plausível.
Provavelmente ela estava tão chocada com o desaparecimento de seu pai um ano antes que cometeu um erro no experimento.
Depois disso, o último parente vivo consangüíneo de Alexia, seu irmão gêmeo que trabalhava no Centro de Pesquisas da Antártida, veio buscar seu trabalho de onde ela havia parado. Mas ninguém tinha expectativas sobre ele.
No fim, a família “Ashford” estava basicamente “morta”… sem mesmo conseguir um único avanço no experimento.
Era exatamente o que eu pensava. Uma lenda é, no fim das contas, nada mais do que… uma lenda.
Depois da notícia da morte de Alexia, Birkin mudou. Ou acho que poderia dizer que voltou ao seu estado normal.
Mas acho que o importante era que agora todos os subordinados não tinham outra escolha, senão aceitá-lo como o pesquisador principal. Desde então, não havia ninguém que pudesse ultrapassar seus talentos.
Porém, com isso, tornou-se um “tabu” para qualquer um falar de Alexia na frente dele.
Ele ferozmente se opôs a mim quando planejei pegar uma amostra do Vírus T-Veronica.
Eu não tinha outra escolha, senão pesquisar sobre a verdade da pesquisa de Alexia pelas costas dele.
No fim, mesmo com a situação a seu favor, o próprio Birkin falhara no crescimento e avanço de sua pesquisa.
Contudo, naquele momento, eu estava mais preocupado com outra coisa.
O Centro de Pesquisas Arklay era cercado por uma densa floresta.
Eu, algumas vezes, fiz caminhadas pela floresta, mas como o centro era localizado em uma região montanhosa, nunca se encontrava ninguém nas redondezas.
O único método de transporte era o helicóptero. E o centro não era o exatamente o tipo de local que as pessoas iam visitar.
Uma razão importante para o fato de o centro ser localizado em uma região tão isolada era para evitar que o vírus corresse caso houvesse um “vazamento”.
No entanto, “armas biológicas” não são assim tão simples.
“Vírus” não infectam somente humanos. Eles podem infectar “outras” coisas também.
Qualquer vírus geralmente é capaz de contaminar mais de um hospedeiro.
Por exemplo, o número de espécimes que o comum “vírus influenza” (a gripe comum) é reconhecido por infectar são pássaros, porcos, cavalos, focas e humanos.
A parte difícil era que nem todos os tipos de animais/pessoas dentre as espécies eram afetadas.
Mesmo assim, dentro das espécies de pássaros, patos e galinhas são afetados, todos os outros não são.
E se um vírus mutar, então os tipos e números de hospedeiros que ele afeta mudam.
Portanto, é impossível criar um vírus capaz de contaminar tudo.
E esse era o maior problema – tentar adaptar o T-Virus para que contaminasse “tudo” com a qual entrasse em contato.
Depois que Birkin se tornara inútil, eu comecei a investigar sobre a taxa de infecção expansiva do T-Virus.
Foi quando eu descobri o fato de que o T-Virus podia infectar quase todos os tipos de seres vivos.
Não apenas animais, mas plantas, insetos, peixes – quase todas as espécies. O vírus tinha o poder de expandir e dispersar por todo o planeta.
Toda vez que eu saía do centro para fazer uma caminhada na floresta, sempre pensava comigo…
Por que Spencer escolhera este lugar?
Porque há muitos tipos diferentes de espécies concentradas na floresta.
Se o vírus escapar, então o que aconteceria com um lugar onde há tantos tipos de seres vivos presentes?
No caso dos insetos, eles são pequenos, então não se poderia pensar neles como “perigosos”, mesmo sendo portadores secundários do vírus.
Porém, insetos geralmente vivem na coletividade, e este grande número deles os torna “portadores” muito perigosos, de fato.
Se eles eram portadores, então o quanto o vírus se espalharia?
Se uma planta fosse portadora, então, já que não pode se locomover, não se poderia esperar que ela infectasse muitas pessoas.
Mas e quanto ao “pólen” que vem das plantas?
Considerando os fatores, o centro era um local extremamente perigoso para se conduzir uma “pesquisa viral”.
E se for realmente pensar sobre isso, a localização do Centro de Pesquisas da Antártida dos Ashford era uma opção muito mais segura e óbvia.
Era quase como se este lugar tivesse sido especificamente escolhido para o propósito de “espalhar” o vírus.
Mas eu simplesmente não consigo imaginar que seja realmente isso.
O que Spencer está tentando conseguir de nós?
Esta era uma questão maior. Tão grande que eu não podia comentar com outros pesquisadores.
No momento, a única pessoa com a qual eu sentia que podia ter falado era o Birkin, mas é evidente que dizer a ele seria inútil.
Eu precisava de mais informações.
Foi nesse momento que eu comecei a sentir as limitações de minha posição como pesquisador.
Eu precisava chegar a uma posição que tivesse mais acesso a informações que revelassem o verdadeiro objetivo de Spencer.
Eu não sentia qualquer remorso por jogar fora minha posição de pesquisador para poder descobrir.
Mas não podia apressar as coisas. Porque se Spencer sequer desconfiasse do que eu estava fazendo, então estaria tudo arruinado.
Eu voltei a me concentrar na minha pesquisa e eram “negócios, como sempre”, assim não chamaria atenção para meus planos.
Durante este tempo, o indivíduo feminino de testes que continuava sobrevivendo fora largado em um canto e esquecido.
Uma “coisa” viva.
Começamos a chamá-la assim depois de um tempo, quando ela parou de render dados úteis para nós.
Pelo menos, até os próximos 5 anos…
(O registro continua 5 anos depois)
Capítulo 4 – NEMESIS
1º de Julho de 1988
O verão de meu 11º ano em Arklay estava apenas começando.
Eu já tinha 28 anos.
Birkin se tornara pai e já tinha uma filha de 2 anos de idade.
Sua esposa era uma das pesquisadoras que trabalhavam em Arklay.
Você normalmente pensaria que é difícil entender alguém que quer se casar e criar uma criança, enquanto fazia a pesquisa.
Mas já havia sido dito que apenas pessoas “não-normais” continuaram a fazer pesquisa em Arklay.
Apenas os malucos tiveram progressos lá.
E então, depois de 10 longos anos, nossa pesquisa finalmente atingiu o terceiro estágio.
Criar uma arma biológica viva que fosse um soldado que seguisse ordens estritas, obedecesse à programação, e tivesse inteligência.
Foi o então chamado “Tyrant” (Tirano), basicamente um monstro, que começamos a criar.
No entanto, havia um obstáculo maior em nossa pesquisa, naquele momento. Encontrar o corpo básico para o “Tyrant”.
O maior problema era que corpos adequados para o Tyrant eram, naquele momento, geneticamente muito limitados.
A fonte do problema estava na natureza do T-Virus.
A mutação do T-Virus usada para criar “zumbis” e “hunters” podia ser usada em qualquer ser humano, mas isso também causaria uma deterioração na capacidade cerebral do indivíduo.
Se o indivíduo não tivesse uma certa quantidade de “inteligência”, então não poderia funcionar como um Tyrant.
Birkin tentou resolver o problema pegando novos mutagenes que diminuiriam o “estrago no cérebro do indivíduo” até que se encaixasse no “Perfil Tyrant”.
Contudo, o número de pessoas que tinham genética “adequada” para aceitar as células Tyrant era muito limitado.
Em uma simulação de análise genética, descobriu-se que 1 em um milhão tem a composição genética para se tornar um “Tyrant”, qualquer outra pessoa meramente se tornaria um zumbi normal.
Se tivéssemos continuado nossa pesquisa, tenho certeza que teríamos encontrado um jeito de fazer um tipo diferente de T-Virus que pudesse transformar mais pessoas em “Tyrants”.
Mas para fazer esta pesquisa, primeiramente precisávamos de pessoas que fossem perfeitamente adequadas para a nova mutação.
Porém, as nossas chances de conseguir uma dessas poucas pessoas, vivendo na América, que se encaixassem no perfil, eram extremamente baixas.
No final, a única coisa que conseguimos fazer foi, à força, trazer uns poucos “tipos próximos” de outros laboratórios.
Mesmo antes de termos a chance de começar nossa pesquisa, parecia que já havíamos chegado a um obstáculo.
Naquele momento, ouvi um boato de outro local na Europa onde já haviam chegado ao “terceiro estágio” da produção de armas biológicas vivas usando um método na qual ninguém havia pensado.
Era chamado de “Plano Nemesis”.
Para mudar o estagnado ritmo e as condições de trabalho, eu me adiantei em adquirir uma amostra de um dos indivíduos daquele “plano”.
É claro que Birkin primeiramente foi contra mim, mas no final eu consegui fazer com que ele reconsiderasse.
Todos não tinham outra escolha, a não ser reconhecer o fato de que, até que encontrássemos um indivíduo adequado ao “Tyrant” nossa pesquisa não iria a lugar algum.
O “pacote” da Europa chegou à meia-noite, vários dias depois, depois de uma série de contatos, propostas e contra-propostas.
A caixa que continha “ele” pousou no heliporto.
Estava escrito “Protótipo Nemesis” nela.
Eu tive que usar táticas muito fortes para conseguir a “coisa” incompleta onde estava sendo pesquisada na França, mas durante todo o tempo, Spencer estava me dando cobertura, mexendo seus pauzinhos e usando sua influência.
Apenas Birkin não demonstrou interesse “nele” até o fim. Mas pelo menos o reconheceu como uma parte importante do experimento.
A amostra fora desenvolvida para criar uma “forma” totalmente nova, nunca vista antes.
Ao manipular genes, eles haviam artificialmente criado um “parasita vivo”.
Era isso que o “Nemesis” realmente era.
Ele poderia se agarrar ao cérebro de outro organismo e então tomar controle do cérebro do hospedeiro, deixando-o com um alto nível de poder destrutivo.
Na combinação de inteligência com um corpo destrutivo adequado para batalhas, eles conseguiram criar a arma biológica perfeita.
E se eles conseguissem completar o projeto, então seriam capazes de criar “corpos belicosos” sem ter que se preocupar com a questão da inteligência.
Entretanto, o problema era que o parasita contido “nele” não era estável.
A única coisa escrita no documento anexado à amostra era “Falha — Amostra morta” várias e várias vezes.
Qualquer coisa que fosse infectada e cuja inteligência fosse controlada morreria em 5 minutos.
Nós todos entendíamos que mexer no protótipo “incompleto” era muito perigoso.
Se pudéssemos de alguma forma tentar aumentar a quantidade de tempo que os hospedeiros viveriam, então poderíamos assumir o projeto. Era nisso que eu estava focado.
É claro que “a” usaríamos como indivíduo de testes.
Com certeza, sua alta tolerância seria perfeita para sustentar o parasita do Protótipo Nemesis por um longo tempo.
Mesmo se ela não durasse tanto, não estaríamos perdendo nada especial, de qualquer forma.
No entanto, o experimento teve um resultado oposto ao que eu estava esperando.
O parasita Nemesis que tentou entrar em seu cérebro desaparecera.
A princípio, eu não sabia o que estava acontecendo.
Não conseguia acreditar que “ela” seria a única a se mesclar com os genes do parasita sem morrer.
Isso foi o começo.
Em algum lugar dentro daquele corpo “imortal” dela houve alguma mudança.
Tínhamos que examiná-la dos pés à cabeça mais uma vez.
Durante nossos 10 anos de pesquisa, ela fora totalmente e completamente examinada, mas desta vez havíamos ignorado os dados anteriores.
Em 21 anos em que ela esteve lá, pela primeira vez, algo estava finalmente acontecendo.
Depois de ter sobrevivido mais tempo que os outros indivíduos que receberam o Vírus Nemesis, foi Birkin quem começou a perceber o que estava acontecendo.
Havia algo “nela”.
Esse “algo” era um desvio do plano T-Virus.
Algo novo que abriu caminho para uma nova forma.
Algo que mudou nosso destino.
Esse era o começo do “Plano G-Virus”.
(O relatório continua 7 anos depois)
Capítulo 5 – G-Virus
31 de Julho de 1995
Já faz 17 anos desde então “lá”.
Quando cheguei, me lembrei do vento. O cenário e os prédios das redondezas não mudou em nada.
Vi Birkin parado no heliporto. Ele chegara antes de mim.
Encontrá-lo já parecia de certa forma “nostálgico”.
Já faz 4 anos desde que saí do Centro de Pesquisas Arklay.
4 anos atrás, quando o plano “G-Virus” proposto por Birkin foi aprovado, eu abri um pedido de transferência para a seção de “dados/informações” e meu pedido foi imediatamente aprovado.
O fato de eu ter desistido de ser um pesquisador e precisava mudar parecia uma mudança natural pela qual muitas pessoas passam.
Na verdade, a realidade era que o “G” já tinha atingido um estágio que estava além de minhas habilidades.
E mesmo se eu realmente não estivesse aqui para descobrir as “verdadeiras intenções” de Spencer, acho que, naquele momento, eu teria definitivamente percebido as limitações de minhas habilidades.
Enquanto o vento dançava em torno do helicóptero, Birkin estava, como sempre, focado em algum documento.
Aparentemente, ele estava vindo a Arklay como parte de uma rotina, mas não trabalhava mais lá.
Há um tempo atrás, ele fora transferido para um enorme laboratório subterrâneo em Raccoon City. Aquele era o complexo principal para a sua pesquisa do “G-Virus”.
Mas para falar a verdade, há 4 anos atrás, eu não achava que Spencer aprovaria o G.
Porque “ele” se desviou da idéia de “arma” e fora criado com muitas coisas desconhecidas que não foram resolvidas.
A grande diferença entre o “G” e o “T-Virus” era que um corpo infectado com o “G” continuaria espontaneamente a mutar.
É claro que os genes de um vírus são desprotegidos, então se modificam rapidamente.
Mas as células dentro de um organismo vivo são diferentes.
Mesmo se a composição dos indivíduos fosse alterada pelo vírus, as células do organismo raramente poderiam ser modificadas.
É claro que usando outros “estímulos”, como radiação, você pode fazer mutações ocorrerem dentro de um corpo vivo.
Contudo, um corpo infectado pelo “G” continua mutando, sem qualquer estímulo externo, até que o hospedeiro morra.
Mesmo o “T-Virus” tinha muitos atributos bem semelhantes ao “G”.
Já havia sido observado que a composição genética de uma das “armas biológicas vivas” (uma pessoa infectada com o T-Virus), quando colocadas em condições especiais, “mudam” continuamente.
Mas para que essa mudança ocorra é necessário usar um estímulo externo como catalisador. E pode-se prever moderadamente quais mudanças são prováveis de ocorrer.
No entanto, não há tais “leis” quando se trata de um corpo infectado com o “G”.
Ninguém pode prever como alguém infectado pelo “G” irá mudar. Não importa que tipo de métodos você use para tentar conter o “G”, ele continua mudando, tornando o tal “método” ineficaz.
Há 7 anos atrás, Birkin notou um pouco de seu efeito no indivíduo feminino de testes.
Houve uma mudança insignificante em sua aparência, mas dentro dela algo estava constantemente mudando e ela continuava a co-existir com o vírus usado nos experimentos.
E então, depois de 21 anos de mudanças internas, até o “parasita Nemesis” havia se tornado apenas mais uma mutação em seu corpo.
O “Plano G-Virus” era um plano para empurrar essas “características” ao limite máximo.
Contudo, o que estava logo adiante podia ser uma evolução da “forma final” para a humanidade… ou podia ser um “final” na qual o organismo simplesmente morre.
Poderíamos realmente chamar aquilo de arma?
O que Spencer estava pensando quando aprovou este plano?
Apesar de estar trabalhando na seção de informação durante estes 4 longos anos, ainda não consegui imaginar o que Spencer estava planejando.
E agora Spencer parou de vir a Arklay.
Quase como se algo que ele estivesse ansiosamente esperando tivesse começado.
Spencer, como uma miragem no deserto, começou a ficar mais e mais distante de mim.
Mas eu tinha certeza que uma chance eventualmente se apresentaria para mim.
Isto é, é claro, se eu vivesse o bastante para ver este dia.
Birkin e eu entramos no elevador e seguimos para o andar mais alto.
Ao lugar onde “a” vimos pela primeira vez.
Um homem chamado John, sucessor de Birkin e novo pesquisador-chefe, estava esperando por nós lá.
Ele vinha de um centro de pesquisas de Chicago e supostamente era um cientista muito talentoso, mas era “correto” demais para estar trabalhando em um lugar como esse.
Começou a questionar a “desumanidade” do que estava acontecendo nos laboratórios e fez com que sua opinião chegasse aos executivos do alto escalão.
Ouvi boatos sobre ele na seção de informações.
Todos pareciam concordar que se qualquer informação algum dia vazasse, ele provavelmente seria o culpado por isso.
Ignoramos John e continuamos andando, e então começaram os procedimentos finais de “eliminação” dela.
“Você deve matá-la”.
Por ela estar infectada com o “Nemesis”, mesmo com uma pequena quantidade, ela começou a “pensar” e se tornar mais consciente. Ela começara a agir de formas “grotescas”.
Seu comportamento começou a aumentar gradativamente e agora ela usava como máscara o rosto que havia “arrancado” de outra mulher.
De acordo com os relatórios, ela agira da mesma forma depois que lhe deram o primeiro “vírus inicial”.
Não sei a razão pela qual ela começara a agir daquela forma, mas por haver matado recentemente 3 pesquisadores, “eles” decidiram “se livrar” dela.
Agora que a pesquisa do “G” estava no caminho certo, não havia mais utilidade para um “indivíduo de testes” como ela.
Depois de constantemente verificar e reconfirmar por 3 dias que ela estava realmente morta, seu corpo foi, por ordens do Comandante do Complexo, deixado em algum lugar.
No final, eu nunca descobri, quem ela era e por que fora trazida para cá?
É claro, ela era meramente um indivíduo de testes.
Mas ainda assim, se ela não estivesse aqui, não teria havido um “Plano G”. E Birkin e eu provavelmente estaríamos seguindo rumos diferentes agora.
Eu deixei o Centro de Pesquisas Arklay pensando nisso.
Fico pensando quanto disso seguiu de acordo com o “plano” de Spencer.
(3 anos depois, o “incidente” começou.)
NOTA: As imagens das galerias de cada capítulo do Report foram aprimoradas com ferramentas online de IA. As originais datam de 2002 e estavam em baixa qualidade.